Fórmula 1 2021: e tem Brasil… e tem Interlagos! com ressalvas…

RIO DE JANEIRO (Perto de um final feliz…) – O Liberty Media e a FIA divulgaram no começo da tarde desta terça-feira na Europa, início da manhã no Brasil, o calendário aqui reproduzido para a temporada 2021 do Campeonato Mundial de Fórmula 1.

Pretende-se o maior campeonato de todos os tempos em quantidade de corridas. Pelo que está aí, serão 23 etapas – e cabe lembrar que o obstáculo do Covid-19 ainda não foi vencido de todo. Esperemos que tanto a entidade máxima do desporto automobilístico quanto os donos da categoria tenham cartas na manga para substituições nada improváveis.

Pelo menos uma das datas previstas está totalmente pendente: o GP do Vietnã está fora. Não será somente pela Pandemia, mas sim – como já tínhamos escrito aqui – pelo país, politicamente convulsionado. A data está em aberto (25 de abril) e a corrida seria entre os GPs da China e da Espanha. Torço, sinceramente, até para que o GP de Portugal seja alocado nessa data.

Por falar em Espanha, a corrida na Catalunha é uma das duas com asterisco, a chamada pendência contratual. A segunda é o GP do Brasil.

Pois é: a corrida que não se realizou pela primeira vez em 48 anos por conta justamente da Pandemia – como também não se visitou as Américas pela primeira vez em sete décadas – tem grande chance de ficar no calendário.

Não é a única boa noticia: o GRANDE PRÊMIO apurou que um acordo por mais cinco anos está a caminho, o que garantiria Interlagos de pé até 2025, com opção de renovação até 2030. E que o Grupo Globo pode ainda manter as transmissões da Fórmula 1 no país.

Inclusive, como em time que está ganhando não se mexe e a expertise existe, a Interpub, comandada até o ano passado por Tamas Rohonyi, ficará novamente responsável pela organização e promoção do evento.

Sejamos francos: é a melhor saída. É a grande notícia que os fãs da velocidade mereciam ter num ano louco, difícil e do qual estamos, muitos de nós, doidos para nos livrar. O projeto de Deodoro é uma falácia. Além de tudo, o escândalo envolvendo a interferência de Chase Carey para ‘passar a boiada’ e sugestionar ao governo do estado do Rio de Janeiro passar por cima dos relatórios de impacto ambiental e fazer a pista carioca sair de qualquer jeito, pode ter influenciado de forma negativa na possibilidade de a antiga sede do GP do Brasil em 1978 e entre 1981 e 1989 ser descartada.

E há, sobretudo, a responsabilidade a ser levada em conta. Destruir uma área de proteção ambiental para se erguer um autódromo? Já disse: sou contra. Muito contra. Como carioca, dói no coração escrever isso porque gostaria que a cidade ou o estado tivessem um circuito adequado para a prática do esporte a motor.

Mas não nessas condições. E repito: sou contra Deodoro e a favor de pôr o Parque Olímpico abaixo e recolocar ali algo parecido com o que tínhamos, que era o Autódromo de Jacarepaguá, destruído pelos senhores Carlos Arthur Nuzman, Eduardo Paes e Cesar Maia, com a subserviência do então presidente da CBA, o sr. Cleyton Pinteiro.

Há alguns dias, noutro post, acreditava não poder haver mais o GP do Brasil. Isso, se insistissem no erro do Rio, apostar numa pista que nem existe. Se temos Interlagos, circuito raiz, celebrado no mundo inteiro, pra que arriscar um tirombaço no escuro?

Então, aí está: Fórmula 1 2021 com 22/23 etapas, essas pendências que esperamos sejam resolvidas e uma novidade para a qual muitos já torcem o nariz: a estreia da Arábia Saudita como sede de GPs da categoria máxima, na cidade de Jedá. Será um evento noturno, previsto para 28 de novembro. É o Liberty Media indo para onde o dinheiro está, sem pensar no que o público gostou das provas em Mugello, Imola e, principalmente, Portimão.

A temporada começa na Austrália em 21 de março e termina em Abu Dhabi no dia 5 de dezembro. Um dos dois ‘triple header’ desenhados, com três eventos seguidos no próximo ano será a tríade Bélgica-Holanda-Itália, de 29 de agosto a 12 de setembro. Aliás, em relação ao que se previa para 2020, a mudança de Zandvoort de maio para setembro agrada. O outro será o cansativo périplo Rússia-Singapura-Japão.

Mas, mais do que tudo, feliz por ver o Brasil ali. Mesmo que com asteriscos e ressalvas.

Comentários

  • Prevaleceu o bom senso: Interlagos é o nosso autodromo internacional, e ponto.
    Ja falei aqui que não concordo com os argumentos de proteção ambiental em relação ao Camboatá, e já expliquei meus motivos.
    Ja falei também que não concordo com a construção de um autodromo naquele local, mas por OUTROS motivos.
    E apoio amplamente a ideia da construção de um autódromo em seu local original, com um novo projeto e com a preservação de alguns aparelhos usados nas Olimpíadas, aqueles que tiverem real perspectiva de futura utilização.

    Antonio