6h de Monza: Toyota vence em corrida atribulada e movimentada

RIO DE JANEIRO – Há muito tempo deixou de ser novidade a Toyota vencer no Mundial de Endurance. Se as contas não estão equivocadas, creio ter sido o 32º triunfo do construtor oriental na competição desde 2012 englobando LMP1 e a nova fase dos Hypercars. Favorita natural nas 6h de Monza, a marca ganhou de novo neste campeonato, agora com o carro #7 de José María López/Mike Conway/Kamui Kobayashi. E dessa vez, foi com emoção.

Para quem acreditava que seria uma lavada dos dois carros sobre os outros competidores da classe – Alpine e Glickenhaus – que trabalham sem sistemas híbridos, as 6h de Monza provaram justamente o oposto. O #8 de Brendon Hartley/Kazuki Nakajima/Sébastien Buemi teve problemas de gestão de eletrônica que atrapalharam tudo ao longo da disputa. O GR010 Hybrid do trio teve falha de bomba de combustível, sistema de regulagem e balanço de freios, além do câmbio encavalado. Uma corrida para ser esquecida.

O #7 também teve um pequeno susto na altura da 135ª volta, quando de repente ficou lento e o Glickenhaus, pasmem, assumiu a ponta provisória da disputa. É possível que Kamui Kobayashi tenha usado o recurso de resetar algum sistema, porque o Hypercar voltou à velocidade normal e seguiu na pista até completar 204 voltas pelos 5,793 km do mítico circuito de Monza.

Mas também o Glickenhaus do trio Franck Mailleux – este em excelente retorno às pistas, Romain Dumas e Richard Westbrook enfrentaria problemas, assim como o outro 007 LMH do trio Pipo Derani/Gustavo Menezes/Olivier Pla – e este último nem andou.

Para não dizer que ninguém teve problemas, a Alpine passou quase incólume. Nos primeiros stints, André Negrão reclamou de perda de performance. Mas o carro depois andou bem com seus parceiros de pilotagem e seguiu até o fim para um ótimo 2º lugar, eventualmente assumindo também o comando da classificação.

Apesar de ter visitado a garagem, o #709 da Glickenhaus ainda voltou razoavelmente competitivo e terminou em 4º lugar na geral. Já a Toyota amargou a perda de 43 voltas parada com seu carro cheio de problemas, terminando assim em último entre os que viram a quadriculada e assim ter direito ao mínimo percorrido de giros para salvar pontos importantes no campeonato.

Na LMP2, nada de novo no front: com o retorno de Fabio Scherer e Filipe Albuquerque, a United Autosports USA não só venceu outra vez na classe, como foi 3ª colocada da classificação geral, completando 200 voltas e vencendo em sua divisão com perto de meio minuto de vantagem para Robin Frijns/Charles Milesi/Ferdinand Von Habsburg, do Team WRT.

Dupla comemoração, também, para Nyck de Vries/Paul-Loup Chatin/Frits Van Eerd. Além do pódio na categoria com o 3º lugar, o trio do Racing Team Nederland foi superior à concorrência e levou na subclasse LMP2 Pro-Am.

 A Risi Competizione fez a prova de Monza como experiência, sem contar pontos para o campeonato. O carro #82 chegou a andar entre os cinco primeiros, mas em dado momento de uma disputa tão equilibrada como normalmente acontece nessa categoria, o trio formado por Oliver Jarvis, Ryan Cullen e pelo brasileiro Felipe Nasr atrasou-se para terminar assim em 13º na geral e décimo na LMP2.

Porsche e Ferrari duelaram como sempre na LMGTE-PRO e os alemães levaram a melhor dessa vez. Ganhou a dupla Kévin Estre/Neel Jani, após uma batalha equilibrada com Ale Pier Guidi/James Calado. As diferentes estratégias acabaram por deixar os rivais separados por pouco mais de 32 segundos. Gimmi Bruni/Richard Lietz salvaram o pódio e a dupla Daniel Serra/Miguel Molina desta vez não teve chances de subir no pódio com o #52 da AF Corse.

A equipe de Amato Ferrari lavou a égua na LMGTE-AM; o #83 de Alessio Rovera/François Perrodo/Nicklas Nielsen superou uma penalização que os levou à última fila do grid e, com grande valentia, o trio foi vitorioso na categoria.

No final, Augusto Farfus e os parceiros Paul Dalla Lana e Marcos Gomes tiraram da D’Station Racing o segundo lugar no pódio – a equipe de Tomonobu Fujii/Satoshi Hoshino/Andrew Watson fez ótima corrida, mas o experiente brasileiro conseguiu uma ultrapsssagem incrível sobre Fujii na última volta e alcançou o melhor resultado do ano. A diferença entre eles na quadriculada foi de menos de oito décimos de segundo!

Quem poderia ter brigado na frente foi o Aston Martin #33 da TF Sport, que liderou no período inicial quando guiado por Ben Keating. Porém, o pneu dianteiro esquerdo estourou e delaminou, provocando um longo atraso para o trio formado ainda por Felipe Fraga e Dylan Pereira. O trio ficou em 32º na geral e décimo-quarto na categoria.

Com a primeira vitória na temporada, López, Koba e Conway fizeram a pontuação máxima em Monza e chegaram a 69 pontos – mas mesmo com tantos problemas, Buemi, Hartley e Nakajima continuam líderes do Mundial de Pilotos na Hypercar, com 75. André Negrão, Nico Lapierre e Matthieu Vaxivière estão em 3º, com 60.

Na LMP2, a vitória deste domingo e os problemas técnicos do carro #38 da JOTA, vencedor nas 8h de Portimão, deixou Phil Hanson no topo da tabela de forma isolada, com 74 pontos. Mesmo sem receber classificação em Monza, Roberto González/Anthony Davidson/Antonio Félix da Costa estão em 2º com 56, seguidos por Tom Blomqvist/Sean Gelael/Stoffel Vandoorne, que têm 55.

A liderança da subclasse Pro-Am é de Esteban Garcia e Norman Nato: os pilotos da Realtime Racing somam três pódios e 71 pontos contra 68 do holandês Frits Van Eerds e 61 do trio formado por Ben Hanley/Henrik Hedman/Juan Pablo Montoya.

Entre os pilotos de Grã-Turismo, Estre/Jani fizeram os pontos máximos do fim de semana e com a segunda vitória em três provas chegaram a 76 pontos, superando os então líderes Calado e Pier Guidi, agora com 74. Bem mais afastados, Daniel Serra/Miguel Molina têm 54.

Já na LMGTE-AM, Antonio Fuoco/Roberto Lacorte/Giorgio Sernagiotto, que chegaram líderes à corrida caseira deles, somaram apenas um ponto na corrida porque sofreram um acidente ainda no início, com Lacorte a bordo. A dinâmica da batida foi muito parecida com a ‘panca’ de Stoffel Vandoorne na véspera – e o lugar, o mesmo, a saída da dupla Curva de Lesmo.

Com isso, a trinca da Cetilar chegou a 54 pontos apenas e nem assim eles perderam a dianteira da classificação. Alessio Rovera/François Perrodo/Nicklas Nielsen subiram para 52, enquanto em 3º agora estão Augusto Farfus/Marcos Gomes/Paul Dalla Lana com 44. Felipe Fraga e os parceiros Dylan Pereira e Ben Keating estão com 28,5 pontos.

A partir de agora, corações e mentes estão voltado para a maior prova de Endurance da galáxia. Dias 21 e 22 de agosto, acontece a 89ª edição de um dos clássicos do automobilismo mundial em qualquer tempo – as 24h de Le Mans, em La Sarthe, na França.

Comentários

  • A destacar realmente, apesar de alguns problemas, a performance do Glickenhaus #709, que mostrou alguma velocidade, se mantendo por um bom tempo na mesma volta dos líderes. Os problemas enfrentados pelo #8 da Toyota mostram que a marca japonesa pode em La Sarthe pagar o preço de um projeto totalmente novo. Tá ai a grande chance para o carro mais “simples” da Alpine.