Com vocês, a nova Ferrari 499P

RIO DE JANEIRO – Meio século se passou desde a última oportunidade em que a Ferrari disputou as 24h de Le Mans com uma estrutura de fábrica. Os seguidos fracassos na Fórmula 1 e a chegada de um jovem executivo por ordem da Fiat, que comprara de Enzo parte de sua criação, chamado Luca di Montezemolo, mudaria o foco e a mentalidade. Maranello abandonou o Endurance, se concentrou na categoria máxima, ganhando corridas e títulos com Niki Lauda, Jody Scheckter e, muitos anos depois, com Michael Schumacher e Kimi Räikkonen.

Exatamente 50 anos depois da participação em 1973, a Ferrari estará de volta ao WEC e às 24h de Le Mans: ontem, um dia antes do previsto, foi apresentada em vídeo – aqui acima – e em fotografias o modelo 499P Hypercar com que a marca estará nas pistas em 2023.

Quatro meses após o primeiro rollout, a 499P agora tem o livery com que disputará a classe principal contra Toyota, Peugeot, Porsche, Cadillac, Glickenhaus e, dizem, Isotta Fraschini e Vanwall Vanderwell – se estas últimas realmente apresentarem seus carros ou forem aceitas pelo ACO e pela FIA na lista de entradas.

Na parte técnica, o Hypercar 499P terá motor V6 3 litros turbo – o mesmo do modelo 296 GTB, do qual é derivado o novo modelo de Grã-Turismo de competição que estreia igualmente em 2023, pondo por terra a suposição e a especulação de que o carro viria com o mesmo trem de força do modelo Daytona SP3, que tem grande cilindrada e arquitetura V12, caiu por terra.

“A escolha do motor V6 para a nova 499P foi natural”, declarou o diretor técnico Ferdinando Cannizzo. “É muito mais prático termos esse feedback de uma arquitetura mecânica de um carro de rua.”

Assim, a Ferrari opta pelo conceito que as rivais Peugeot e Toyota tomaram entre os Hypercars – a diferença está na cilindrada, mas os motores de todas são V6 Turbo.

Além do motor a combustão, a Ferrari 499P terá um sistema de ERS (Energy Recovering System) com potência de 200 kW para dar tração ao eixo dianteiro e as baterias terão carga de 900 volts. O sistema de transmissão será X-Trac, sequencial, com sete marchas mais ré e acionamento por paddleshift.

Como já se sabia, a AF Corse vai representar a Ferrari no WEC e os dorsais dos dois carros carregarão os números #50 num – em alusão aos 50 anos do retorno ao Endurance e à Le Mans com time oficial e #51, que é uma marca registrada do time de Amato Ferrari, no outro.

Os pilotos ainda não foram anunciados, mas é muito provável que sejam quase todos oriundos dos programas de Grã-Turismo e alguns já têm experiência de protótipos, casos de Alessio Rovera e Nicklas Nielsen, por exemplo. Serão três nomes por carro e em breve saberemos.

Sobre clientes, não está nada definido, mas a Risi Competizione contempla a possibilidade de ter uma 499P futuramente e também a Prema, esta última a partir de 2024. A ver…

Comentários

  • A especulação sobre o V12 realmente estava muito suspeita, não teria porque apostar em um motor desse tamanho e consumo enquanto os seus adversários vão de V6 e ainda tem o BOP. Minha única decepção é o não uso do número 27 em nenhum dos carros.

    • Entendo sua decepção, mas foi uma escolha da AF Corse por manter o #51 que é icônico dela e a opção pelo #50 lembra o tempo em que ela, Ferrari, esteve fora do Endurance.

    • Até onde sei os protótipos tem duas características obrigatórias: piloto posicionado no lado e rodas cobertas, justamente pra diferenciar dos fórmulas.

      • Desculpe insistir, até porque você acompanha Endurance bem mais que eu. Pelo menos nas antigas, e bem antigas, não era obrigatório a posição lateral? Lembro de um DVD da Ferrari que vendia em banca onde havia esta discussão nos anos 50 sobre diferenças entre Fórmula e Protótipo.

      • É obrigatório sim, mas tem quem faça diferente. O McLaren F1 GTR BMW era um GT com posição central.

      • Durante o Grupo C, se dizia nas transmissões que os protótipos eram uma evolução dos carros de rua, por isso tinham os assentos nas laterais, como os carros de rua.

        Não sei se é isso mesmo.

        Mas 0 908 HDi FAP, Mattar, tinha o assento do lado direito.