“Duvideodoro”: MP do Rio de Janeiro entra com denúncia por laudo ambiental falso

RIO DE JANEIRO – Deu hoje no Bom Dia Rio (BDRJ) e está no G1.com: o Ministério Público do Rio de Janeiro entra com denúncia contra a empresa Terra Nova Escritório de Projetos Ambientais e dois responsáveis nomeados – Camilo Pinto de Souza e Diego Rafael dos Santos Peixoto.

Esta empresa foi contratada pela Rio Motopark – depois Rio Motorsports – do obscuro José Antonio Soares Pereira Júnior, o JR Pereira, para a elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o posterior Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), exigências obrigatórias uma vez que os planos iniciais de construção do Autódromo hoje jocosamente chamado de “Duvideodoro”, posto que nunca saiu do papel, eram de erguer o complexo na Floresta do Camboatá, naquela região da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Nunca é demais lembrar que o consórcio Rio Motopark foi criado somente onze dias antes de vencer a licitação com um suposto capital de somente R$ 100 mil, apenas 0,14% do mínimo exigido de capital social de uma empresa com o porte necessário para garantir um empreendimento de tamanha magnitude.

A análise do EIA e do RIMA feita pelo escritório Terra Nova é crivada de omissões e informações falsas: não havia consistência na análise das alternativas locacionais; inexistência de exame detalhado de hidrografia; ausência de indicação sobre a existência de Área de Preservação Permanente (APP) e impactos socioeconômicos obscuros – dentre outros furos.

O Rio de Janeiro não tem um Autódromo há exatos 10 anos. No próximo dia 28, completar-se-à uma década dessa infeliz data. A pista de Jacarepaguá começou a definhar com o rompimento dos contratos de promoção de provas de MotoGP e Fórmula Indy nos anos 2000, foi descaracterizada inicialmente com obras para o Pan-Americano de 2007, suprimindo-se o setor norte do traçado carioca e em 2012, à guisa de se utilizar o terreno para o elefante branco conhecido como Parque Olímpico, o circuito foi abaixo para a instalação de aparelhos esportivos visando a Rio 2016, os Jogos Olímpicos.

Desde então, não há esporte a motor no estado numa pista padrão FIA – aliás, o Rio perdeu a homologação do circuito porque Charlie Whiting inclusive foi impedido de fazer uma vistoria, a Stock Car disputou uma corrida no Aeroporto do Galeão como paliativo, mas não é o bastante.

Aliás, muita gente caiu no ‘conto do vigário’ de JR Pereira: o extinto canal esportivo Fox Sports, a Dorna de Carmelo Ezpeleta, o Liberty Media então comandado por Chase Carey, o presidente da república, o governador do estado – hoje impedido – e o então prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Sem contar algumas figuras do automobilismo, entre jornalistas que não moveram uma palha por Jacarepaguá e vários pilotos e outros envolvidos com o esporte.

Como sempre digo, parabéns aos envolvidos.

Enquanto isso, seguiremos lamentando a morte lenta do automobilismo no Rio de Janeiro e no Brasil, que perdeu Jacarepaguá e Curitiba e tem somente três circuitos com padrão FIA – Interlagos, Velocitta e, olhe lá, Goiânia. E só.

É muito pouco.

Em tempo:

Por onde andaria JR Pereira? Alguém sabe, alguém viu?

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