Phil Read (1939-2022)

“O número um sou eu!”: irritado porque a organização do GP da França em 1975, no circuito de Paul Ricard, deu o dorsal #1 ao finlandês Teuvo Lansivuori, Phil Read andou naquela corrida com o insólito dorsal #0

RIO DE JANEIRO – Partiu nesta quinta-feira (6) um dos grandes nomes do Motociclismo britânico, talvez o maior na opinião de muitos: Sir Phil Read descansou aos 83 anos em Catebury, na Inglaterra.

Nascido na região do Luton, em Bedfordshire, ao 1º dia de janeiro de 1939, Phil teve uma carreira longeva no que hoje é a MotoGP e já foi chamada de Mundial de Motovelocidade.

Entre 1961 e 1976, quando se retirou da competição aos 37 anos, Read conquistou nada menos que sete títulos mundiais e 52 vitórias em Grandes Prêmios.

Foi autor de pequenas façanhas, como dar à Yamaha o primeiro título mundial ao construtor oriental na classe 250cc, na qual seria campeão mais três vezes até 1971. Não contente com isso, levou dois títulos num único ano: além da 250cc, venceu o Mundial da classe 125cc em 1968 – a FIM, na época, não se incomodava se um piloto disputasse duas ou mais categorias, até porque nem sempre os GPs eram nos mesmos países sempre.

Aliás, em 1968, Read teve um campeonato muito conturbado: ele desobedeceu às ordens da equipe oriental, que concentrara esforços no título do compatriota Bill Ivy. Phil foi campeão num empate em pontos, onde o critério para a definição do título foi o número de voltas mais rápidas – e isso lhe custou o emprego na marca dos três diapasões. Tanto que o campeonato de 1971 é conquistado com uma moto não-oficial de fábrica.

Em 1972, ele trocou as motos de dois tempos pelas de quatro: estreou na classe 350cc com o lendário construtor italiano MV Agusta. Na temporada seguinte, desbancou o multicampeão Giacomo Agostini e foi o melhor da classe 500cc – inclusive o primeiro a usar freios a disco do fabricante Lockheed. Defendeu muito bem o título em 1974 e ainda chegou ao vice em 1975 – inclusive tendo usado o dorsal #0 no GP da França daquele ano em sua MV Agusta em protesto porque o #1, do campeão do mundo, fora entregue a Teuvo Lansivuori.

“O número #1 sou eu!”, bradava com razão o irritado Read, 3º colocado na disputa atrás de Giacomo Agostini e Hideo Kanaya, ambos de Yamaha.

O título de Read, o sétimo e último de sua carreira, foi o último de uma moto quatro tempos na história antes da criação da MotoGP a partir de 2002, tal como a conhecemos.

Em 1976, já com 37 anos, fez suas últimas provas no Mundial, alinhando uma Suzuki não-oficial: foi 3º na Áustria e 2º na despedida, no GP das Nações.

Além da enorme carreira no Mundial, Sir Phil ainda levou oito troféus da mais difícil competição motociclística de sempre, o TT da Ilha de Man. Em 14 edições que participou, foi ao pódio em todas, exceto uma. E na última, no ano de 1977, aos 38 anos e em grande estilo.

Até o fim de seus dias, Phil Read participou ativamente de eventos onde matou as saudades dos velhos tempos de piloto de competição. Em 2002, não sem razão, a Dorna o homenageou e alçou Phil – pai de cinco filhos, sendo quatro rapazes (Michael, Graham, Phil Jr. e Roki), além de Esmé, a única mulher – ao status de “lenda”.

Descanse em paz, Sir Phil.

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