Obrigado por tanto, Antônio Ferreirinha

RIO DE JANEIRO – O ano do registro acima é 2017. Por ocasião das 500 Milhas de Londrina, que fui acompanhar a convite dos organizadores daquele evento, no interior do Paraná.

Se não me falhe a memória, após as atividades de pista de um dos dias de testes e treinos, fomos em comitiva à churrascaria – salvo engano, também, era a Galpão Nelore. E a foto que aqui ilustra essa postagem foi feita naquela noite.

“Essa é pra guardar”, escreveu o Robby Perez, à esquerda de quem vê os três da foto, quando a publiquei em redes sociais.

Claro que esse registro eu guardei, como tantos da vida.

Mas nunca podia imaginar que, mais de cinco anos depois dessa imagem, eu estaria aqui me manifestando pela dor da perda e da despedida do Antônio Ferreirinha, que junto ao irmão Herculano fez parte da História – em caixa alta, assim mesmo – do esporte a motor do Brasil.

Estes dois emigrados de Portugal foram os pilares da Heve, que estabeleceu fábrica no Rio de Janeiro – assim como a Polar – e se tornou referência na construção dos Esporte-Protótipos da Divisão 4, guiados por Maurício Chulan. E não só daquela categoria, como também Fórmula Ford em diferentes fases, Fórmula Supervê, Fórmula Fiat e Fórmula 2 Brasileira e Sudam – lembro de conquistas de Marcos Troncon e Nelson Balestieri com modelos Heve, que ainda resistiram ao tempo em campeonatos regionais de Automobilismo.

Os dois e mais Manuel Ferreira de Jesus, o inesquecível Manelão, fazem parte de um automobilismo cada vez mais raro, mas igualmente romântico e repleto de amor, suor à camisa, mão na massa, na graxa, raça, paixão, tesão, tudo. Os três portugueses foram históricos aqui na construção de carros, na preparação mecânica e também no acerto de chão e chassis – coisas cada vez menos comuns a um esporte cada vez mais pasteurizado e cada vez menos romântico.

É a lei da Natureza. Os mais velhos estão partindo. As referências se despedem. E há cerca de 1h30min, veio a notícia que entristeceu um sábado de calor ensurdecdor onde eu estava em minha cama dormindo e, ao acordar, me deparei com uma postagem do Robby lamentando a partida do mestre Ferreirinha.

Obrigado por tanto, Português. Imagino a festa no céu quando ao irmão Herculano você encontrar.

Que sua passagem seja serena.

Em tempo: outro dia nos despedimos do Chico Rosa, outra referência do automobilismo, um homem de bastidores e fundamental como um dos pilares desse esporte – lamento que eu não tenha tratado do assunto aqui no blog como deveria – por isso, peço imensas desculpas a leitoras, leitores, família, amigos, amigas e comunidade automobilística. E fica o registro de tão triste perda, que tan´to me deixou para baixo quanto hoje com a partida do Ferreirinha.

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