30 anos do bi, parte XI – GP da Áustria de 1983
RIO DE JANEIRO – A reta final do Campeonato Mundial de Fórmula 1 em 1983 começou com o GP da Áustria, disputado noutro velocíssimo circuito da temporada: Zeltweg. Com 5,942 km, subidas, retas e curvas velozes, não era esperada outra coisa que não um passeio das principais equipes com carros de motor turbo contra os times coadjuvantes dotados de mecânica Cosworth.
Para a corrida a ser disputada no dia 14 de agosto, algumas novidades: a estréia do Tyrrell 012 com uma inédita e bizarra asa traseira “bumerangue”, apenas para Michele Alboreto – e que foi visto somente nos treinos; a inscrição do piloto local Jo Gartner com um segundo carro da ATS (que não se concretizou), assim como a participação de um segundo RAM March com Jean-Louis Schlesser não aconteceu. Deste modo, 29 pilotos participaram dos treinos oficiais.
Treinos
A Ferrari continuava imbatível nos treinos cronometrados, chegando em Zeltweg à uma marca histórica: Patrick Tambay, com 238,021 km/h de média e o tempo de 1’29″871, fez a 100ª pole position da história da escuderia de Maranello, tendo a companhia de René Arnoux na primeira fila.
Nigel Mansell foi a grande sensação dos treinos oficiais, ofertando a ele mesmo o melhor grid da carreira até então, com o 3º melhor tempo, superando Nelson Piquet e o líder do campeonato Alain Prost.
Os treze primeiros entre os 26 carros eram todos com motor turbo: Niki Lauda quebrava a seqüência, correndo em casa, classificando o McLaren MP4/1C Cosworth em décimo-quarto. Já Raul Boesel não conseguiu pela primeira vez no ano a classificação para o grid, fazendo companhia a Johnny Cecotto e Kenny Acheson no grupo dos eliminados.
Corrida
Um acidente logo após a largada tirou três pilotos de combate: Elio de Angelis, Marc Surer e Danny Sullivan. Os 23 carros restantes seguiram para uma feroz batalha a mais de 200 km/h, onde Tambay manteve a ponta seguido por Arnoux. Mansell largou mal e caiu pra quinto na primeira volta, ultrapassado por Piquet e Prost. Na segunda volta, o inglês da Lotus foi superado também por Riccardo Patrese.
As posições cimeiras se mantiveram inalteradas até a 20ª volta, quando Eddie Cheever enfim ganhou a sexta posição de Mansell, que se debatia com problemas de desempenho dos pneus Pirelli. Tambay, que liderava, reabasteceu na volta 22 e retornou em terceiro, atrás de Arnoux e Nelson Piquet. Prost também parou, trocando posição com Patrese.
Com uma autonomia melhor de combustível, a Brabham de Piquet alcançou o primeiro lugar na 28ª volta, com a parada de René Arnoux. Nesta altura, Prost era apenas o quinto, atrás até da Alfa Romeo de Andrea de Cesaris, em ótima atuação. A Brabham de Patrese quebrou e Cheever entrou de novo na zona de pontos, com Mansell em sétimo.
Porém, as reviravoltas começaram a acontecer: o motor da Ferrari de Tambay apresentou queda na pressão de óleo e ele foi obrigado a desistir. Pior foi a Alfa Romeo, que em razão de um erro de cálculo deixou Andrea de Cesaris sem gasolina… Isto deixou Prost na terceira posição.
Piquet parou para abastecer e sua parada durou exatos 10″20 segundos. O brasileiro ainda voltou à frente, mas com René Arnoux muito próximo dele. Mas o motor BMW começou a enfrentar uma súbita queda de rendimento. E na 38ª volta, o francês da Ferrari alcançou a liderança. Nelson não durou muito em segundo: com o carro rendendo cada vez menos, foi ultrapassado por Prost, que saiu à caça de Arnoux.
Resultado: na 48ª volta, o baixinho da Renault assumiu a liderança ao superar o baixinho da Ferrari. E com quase sete segundos de vantagem, Prost venceu mais uma na temporada de 1983. Piquet foi terceiro e quase acabou em quarto: foi ao pódio porque chegou com meio carro de vantagem para a Renault de Eddie Cheever.
Frustrado, Piquet viu a diferença se estender para 14 pontos. E pior: Arnoux assumiu a terceira posição do campeonato, três pontos adiante de Patrick Tambay. Mansell foi o quinto e Niki Lauda fechou os seis que pontuaram.
A tristeza por um mau resultado e pela diferença ampliada foram trocados por um surpreendente otimismo de Nelson Piquet. Numa declaração que fez muito francês rolar de rir, ele disse: “Vou ser campeão mundial de novo.”
O resultado final do GP da Áustria de 1983:
1. Alain Prost (Renault RE40 Turbo) – 53 voltas em 1h24min32s745, média de 223,495 km/h
2. René Arnoux (Ferrari 126 C3 Turbo) – a 6s835
3. Nelson Piquet (Brabham BT52B BMW Turbo) – a 27s659
4. Eddie Cheever (Renault RE40 Turbo) – a 28s395
5. Nigel Mansell (Lotus 94T Renault Turbo) – a 1 volta
6. Niki Lauda (McLaren MP4/1C Cosworth) – a 2 voltas
7. Jean-Pierre Jarier (Ligier JS21 Cosworth) – a 2 voltas
8. Keke Rosberg (Williams FW08C Cosworth) – a 2 voltas
9. Corrado Fabi (Osella FA1E Alfa Romeo) – a 3 voltas
10. Pier Carlo Ghinzani (Osella FA1E Alfa Romeo) – a 4 voltas
11. Stefan Johansson (Spirit 201C Honda Turbo) – a 5 voltas
12. Thierry Boutsen (Arrows A6 Cosworth) – a 5 voltas
13. Manfred Winkelhock (ATS D6 BMW Turbo) – AB/33 voltas/superaquecimento
14. Andrea de Cesaris (Alfa Romeo 183T Turbo) – AB/31 voltas/pane seca
15. Patrick Tambay (Ferrari 126 C3 Turbo) – AB/30 voltas/queda de pressão de óleo
17. Riccardo Patrese (Brabham BT52B BMW Turbo) – AB/29 voltas/superaquecimento
18. Roberto Guerrero (Theodore N183 Cosworth) – AB/25 voltas/caixa de câmbio
19. Jacques Laffite (Williams FW08C Cosworth) – AB/21 voltas/quebra de roda
20. Mauro Baldi (Alfa Romeo 183T Turbo) – AB/13 voltas/motor
21. Michele Alboreto (Tyrrell 012 Cosworth) – AB/8 voltas/acidente
22. Derek Warwick (Toleman TG183B Hart Turbo) – AB/2 voltas/turbo
23. Bruno Giacomelli (Toleman TG183B Hart Turbo) – AB/1 volta/acidente
24. Danny Sullivan (Tyrrell 011 Cosworth) – AB/não completou a 1ª volta/acidente
25. Marc Surer (Arrows A6 Cosworth) – AB/não completou a 1ª volta/acidente
26. Elio de Angelis (Lotus 94T Renault Turbo) – AB/não completou a 1ª volta/acidente
Classificação do Mundial de Pilotos: 1. Alain Prost – 51 pontos; 2. Nelson Piquet – 37; 3. René Arnoux – 34; 4. Patrick Tambay – 31; 5. Keke Rosberg – 25; 6. John Watson – 18; 7. Eddie Cheever – 17; 8. Niki Lauda – 12; 9. Jacques Laffite – 11; 10. Michele Alboreto – 9; 11. Nigel Mansell e Andrea de Cesaris – 6; 13. Riccardo Patrese e Marc Surer – 4; 15. Danny Sullivan – 2; 16. Mauro Baldi e Johnny Cecotto – 1 ponto.
Mundial de Cosntrutores: 1. Renault – 68 pontos; 2. Ferrari – 65; 3. Brabham – 41; 4. Williams – 36; 5. McLaren – 30; 6. Tyrrell – 11; 7. Alfa Romeo – 7; 8. Lotus – 6; 9. Arrows – 4; 10. Theodore – 1 ponto.
Desculpe,se estou enganado…..Mas,se minha memória não me trai,o desenrrolar desta corrida,foi um pouco diferente do descrito….
Pelo que me lembro,Piquet,qdo fez seu pit-stop,era líder,e voltou a pista,ainda na liderança….Mas,perdeu rendimento na última metade da corrida,perdendo as duas primeiras posições da corrida.E quase perde tb o terceiro lugar,pois quase foi superado pelo Cheever no final,ganhando deste por apenas meio carro.
Tenha essa lembrança na cabeça…..Mas,como já fazem 30 anos,eu posso estar enganado…
Você tem toda razão, José Mauricio. Esse trecho do texto será devidamente corrigido. Muito obrigado.
Pra vc não dizer que só te critico, gostaria de falar que tá muito legal esse passo a passo do bi do Piquet. Bem legal relembrar essas corridas. Parabéns pela inicaitive e pela execução.
Até que enfim um elogio. Obrigado.
Algum projeto para as temporadas 81-87 Rodrigo? Quanto essa série encerrar vai dar um gostinho de querer mais.
Parece que Renault (Prost) e a Ferrari (Arnoux e Tambay) achavam que brigariam pelo campeonato esquecendo Piquet (Brabham) e fariam de tudo para eliminá-lo da briga.Só não contavam com a reação do Piquet nas últimas 4 provas do final; mesmo com o abandono do Piquet numa delas. Prost queria resolver logo o campeonato a seu favor. Será que Piquet teria força para reverter a disputa e ganhar o campeonato? A história nos mostrou que sim.