O dirigente também tivera a infeliz ideia de tirar Alan Jones da aposentadoria, com a promessa de que o australiano levaria o apoio da Valvoline, garantindo alguns cobres para o time de Milton Keynes. Grotescamente gordo, Jones ainda sofreu um acidente caseiro, o que o impediu de estrear com a equipe no GP do Brasil, em Jacarepaguá.
Com um carro vago, quem bateu à porta da Arrows oferecendo seus préstimos foi o brasileiro Chico Serra. Com uma pequena verba da Caloi, o piloto da finada equipe Fittipaldi tentava uma sobrevida na Fórmula 1. E o desempenho da Arrows na corrida lhe deu esperanças.
Marc Surer, que brilhara dois anos antes na chuva, com um Ensign, saiu de 20º no grid e conseguiu um belíssimo sexto posto. Serra, 23º classificado, teve uma luta titânica com ninguém menos que René Arnoux (de Ferrari, é bom lembrar) por 22 voltas. Acabou superando o francês, ganhando o aplauso do torcedor – eu era um deles, aliás – para chegar em nono lugar naquela corrida. Na época, Serra admitiu que, quando recebeu uma oferta para estrear por eles em 1981, não acreditou nas possibilidades do time. “Fui muito mal-recomendado”, garante. Pelo visto, quem falou mal não sabia o que dizia…
Jones admitiu que não estava de fato pronto para voltar à Fórmula 1 e regressou para suas fazendas na Austrália. Chico Serra foi chamado de volta, mas Jackie Oliver foi bem claro. O primeiro piloto que aparecesse com mais patrocínio, pegaria a vaga de vez.
Em Paul Ricard, pressionado pela adversidade, o brasileiro sofreu um acidente nos treinos, capotando com o A6. Largou em último e abandonou por quebra de câmbio. Surer foi o 10º no GP da França. Em San Marino, o suíço conseguiu mais um 6º lugar e Chico foi o oitavo.
Como não fez… o brasileiro resignou-se com a chegada de Thierry Boutsen, com o tal dinheiro que Jackie Oliver tanto aguardava. Apesar do reforço no orçamento, a equipe sofria com a falta de potência dos motores Ford Cosworth em comparação aos propulsores turbocomprimidos e pouco – ou quase nada – Surer e Boutsen puderam fazer do GP da Bélgica em diante. Houve um 5º lugar no grid obtido pelo suíço em Detroit e algumas colocações razoáveis quando as pistas velozes tomaram conta do calendário.
Como permanecer com os motores aspirados significava continuar dando um passo atrás enquanto a concorrência já dava dois à frente, a Arrows fechou um acordo com a BMW pelo leasing dos motores do fabricante alemão. O dinheiro dos cigarros Barclay e da Nordica, fabricante de equipamentos de esqui, representou o que o time britânico precisava para a temporada de 1984, com Surer e Boutsen mantidos nos seus lugares.
No início do campeonato, o time não conseguiu aprontar dois chassis do novo modelo A7 a tempo e a solução foi seguir com o A6 de motor Ford Cosworth enquanto o carro a receber o motor BMW não ficava pronto. Os dois pilotos largaram no fundo do pelotão no Brasil e em Kyalami, mas pelo menos completaram ambas as corridas. Com a eliminação da Tyrrell, anunciada no meio do campeonato, Boutsen, que terminara a corrida de Jacarepaguá em sétimo, ficou com o ponto do 6º lugar.
Vamos ver no próximo post, alusivo às temporadas de 1985 e 1986, se a sorte do time mudou…