A Mil por Hora
Fórmula 1

Treino nota 10, corrida nota 6

RIO DE JANEIRO – O GP da Austrália mostrou evidentes contrastes entre um sábado de emoções no Albert Park e uma corrida que chegou a ser sonolenta no domingo. Depois de um treino nota 10, a prova de abertura do Mundial de Fórmula 1 em 2014 merece uma modesta nota 6, por tudo o que […]

RIO DE JANEIRO – O GP da Austrália mostrou evidentes contrastes entre um sábado de emoções no Albert Park e uma corrida que chegou a ser sonolenta no domingo. Depois de um treino nota 10, a prova de abertura do Mundial de Fórmula 1 em 2014 merece uma modesta nota 6, por tudo o que esperávamos acontecer – e não aconteceu.

Bem, a vitória da Mercedes era esperada. Meu favorito era Lewis Hamilton, em quem claramente apostei no BRV. Pole e vitória. Só acertei o pole. Não faz mal. Os alemães do time dirigido por Toto Wolff ganharam de qualquer jeito, graças a um Nico Rosberg que foi excepcional do começo ao fim. Ótima largada, domínio absoluto. O carro de Hamilton teve um problema técnico logo no comecinho e a equipe mandou recolher. Fica para a próxima.

Na campeã Red Bull, o fim de semana que começou tão bem com o 2º posto de Daniel Ricciardo no grid e na corrida acabou em pesadelo. Vettel também durou pouco na pista do Albert Park. Seu carro também deu chabu cedo, assim como o de Hamilton. O australiano de nariz grande e sorriso largo fez seu papel na pista e foi ao pódio. Delírio da torcida. Mas a festa durou pouco e Ricciardo acabou excluído do resultado final.

Explico: existe uma imposição do regulamento na qual os carros da Fórmula 1 têm que respeitar uma vazão de combustível equivalente a 100 kg/hora. Pelo visto essa regra não foi respeitada pela Red Bull e o consumo de gasolina foi considerado ilegal pelos comissários. Como efeito, o piloto foi desclassificado. A equipe promete recorrer da decisão, naquele que é o pior domingo da turma do touro vermelho desde o GP da Itália de 2012 – a última vez em que nenhum dos dois carros com o logotipo Red Bull figurou na zona de pontuação.

Quem deve estar muito orgulhoso – aliás, orgulhosos – são papai Magnussen e Ron Dennis. Este último, mais do que nunca, deve estar celebrando até agora sua nova joia. O campeão da World Series by Renault estreou com o pé direito na Fórmula 1, mostrando ao próprio Ron que a decisão de dar bilhete azul a Sergio Pérez não causará constrangimentos posteriores. Jan Magnussen, que estreou pela própria McLaren no GP do Pacífico, em Aida, no distante ano de 1995, com certeza também está feliz pelo que Kevin Magnussen fez em sua estreia – aliás, mais do que o antigo piloto de McLaren e Stewart. Um pódio, transformado em 2º lugar? Que mais ele poderia querer?

Bem… Jenson Button já percebeu que vai ter trabalho com o guri nórdico. Mas o britânico, que ficara pelo caminho no treino classificatório, fez uma boa corrida. E com a desclassificação de Ricciardo, de quarto foi para terceiro. Impulsionada pelo motor Mercedes no último ano de acordo entre equipe e fabricante, a McLaren aparenta começar 2014 muito melhor que no ano passado.

Quem fez uma corrida chinfrim foi a Ferrari. Alonso fez o que lhe foi possível, chegando em quinto na pista, subindo para quarto com a eliminação do piloto da Red Bull. Kimi Räikkönen foi muito discreto. Até demais. Acabou em 7º, um resultado abaixo do que muitos esperavam.

Nota positiva também para a ótima corrida do finlandês Valtteri Bottas, que mesmo lambendo o muro com uma roda traseira de sua Williams – o que provocou a quebra da mesma e a entrada do Safety Car – ainda lutou com garra para ser premiado com a quinta posição. Nico Hülkenberg fez igualmente boa corrida e concluiu em 6º lugar. A dupla da Toro Rosso foi regular durante todo o GP da Austrália e o russo Daniil Kvyat (pronuncia-se Quíviat) entrou para a história nos compêndios da Fórmula 1: aos 19 anos, 10 meses e 18 dias, tornou-se o mais jovem piloto de todos os tempos a pontuar na categoria máxima, superando o recorde de… Sebastian Vettel, que estreou de BMW Sauber no GP de Indianápolis, em 2007, pontuando aos 19 anos, 11 meses e 14 dias.

Kvyat e Magnussen engrossam igualmente o total de pilotos que pontuaram em pelo menos uma das 898 provas disputadas na Fórmula 1 desde 1950. Agora, são 325. O último estreante que marcara pontos tinha sido Valtteri Bottas, com o 7º lugar do GP dos EUA em Austin, ano passado.

De resto, quem chegou ao fim depois dos 10 primeiros, rezou para não quebrar e as notas negativas do GP da Austrália vão para a equipe Lotus, envolta numa densa nuvem negra de crise técnica, com um E22 pífio e pouco competitivo, que inclusive quebrou nas mãos de Grosjean e Maldonado e também para Kamui Kobayashi, que em sua volta à categoria enfrentou um problema com o sistema eletrônico dos freios traseiros e bateu na Williams de Felipe Massa.

O otimismo do brasileiro, mesmo após o 9º lugar nos treinos classificatórios, era evidente e o potencial do carro em corrida pôde ser mostrado pelo que Bottas fez ao longo do GP da Austrália. Sem chance de ir ao pódio, no que era o seu grande objetivo, Felipe fez duras críticas ao piloto da Caterham e pediu uma dura punição a Kobayashi – que usou as redes sociais para pedir, humildemente, desculpas à equipe e principalmente a Felipe pelo erro. Uma atitude que poucos têm hoje na Fórmula 1.