A Mil por Hora
Fórmula 1

Para a eternidade

RIO DE JANEIRO (UAU!) – Amigos, que GP do Brasil! Mais um… que corrida. A melhor de toda a temporada. Aliás, não houve corrida considerada ruim desde o horroroso GP da França. Não vou me ater muito à detalhes do início da disputa, até porque disputas mesmo não havia pela liderança. Mas foram as estratégias […]

RIO DE JANEIRO (UAU!) – Amigos, que GP do Brasil!

Mais um… que corrida.

A melhor de toda a temporada. Aliás, não houve corrida considerada ruim desde o horroroso GP da França.

Não vou me ater muito à detalhes do início da disputa, até porque disputas mesmo não havia pela liderança.

Mas foram as estratégias que deram um rumo do que seria – e também do que acabou não sendo, pra muita gente.

Lewis Hamilton tentou o undercut para cima de Max Verstappen – porque por desempenho, seria difícil. A altitude de São Paulo favoreceu os motores Honda em detrimento dos propulsores alemães.

Por isso parou primeiro.

A Red Bull percebeu a intenção. Chamou o líder rápido para o pit stop. Só que quando Verstappen saía, deu de cara com a Williams de Robert Kubica, que o atrapalhou.

Mesmo assim, Verstappinho, na primeira oportunidade que teve, jantou Hamilton e foi embora.

Leclerc, por seu turno, conseguiu as posições que dava pra alcançar após sair de décimo-quarto por troca de motor. Foi para pneus duros – mesma opção de Valtteri Bottas, enquanto Sebastian Vettel, visando talvez dois pits, foi para médios.

Jogo de xadrez a 300 km/h.

Verstappen voava. Hamilton não tinha potência. E não nos esqueçamos que havia o discreto e eficiente Alex Albon, pronto para tentar morder alguma coisa se necessário.

A corrida chegou à sua metade com Lewis a pouco mais de três segundos de Verstappen. Vettel era terceiro, seguido por Albon, Bottas e Leclerc, este a mais de meia pista do piloto da Red Bull.

Foi um período em que a disputa teimou em resvalar no marasmo. Mas aí a Mercedes resolveu criar uma nova situação e chamou Bottas aos boxes. O finlandês trocou a estratégia que não deu certo e montou pneus macios, em tese mais velozes mas menos duráveis que os de composto duro (C3).

Como os líderes claramente optariam por duas paradas, a Mercedes, meio sem pai e nem mãe em Interlagos (fruto da ausência de Toto Wolff, talvez?) chamou Lewis para mais um pit. Pneus macios montados no lugar dos duros. Atenta, a Red Bull fez igual na volta seguinte, sem dar espaço para Hamilton respirar.

Nisso, Bottas, com toda a sua garra (SQN) veio para cima de Charles Leclerc e buscou a ultrapassagem.

Uma, duas, três tentativas. Nada feito.

Vettel, já de macios após uma segunda troca, voltou em quarto atrás de Albon. E depois de tanto insistir e não conseguir, algo se quebrou na Mercedes e Bottas desistiu.

Parecia que o carro #77 estava num lugar seguro, mas os comissários e a direção de prova disseram não e assim o Safety Car entrou na pista.

Decisão mais mandrake, impossível.

Que fez a Mercedes? Blefou. Fez que chamou Lewis pra box e o hexacampeão não foi. Veio Verstappen. Era o líder provisório contra todo mundo atrás dele, de macios – até porque Leclerc TAMBÉM optou por uma segunda parada.

Na hora do tudo ou nada, Verstappen atropelou Hamilton, passou e foi embora. Albon, brilhante na defesa de posição, segurou como pôde as duas Ferrari.

E na equipe italiana, reinou o caos. Fruto da falta de comando do time de Maranello.

Volta #65. Seis para o final. Leclerc vem com mais ação da Curva do Sol rumo à reta oposta e a frenagem para a Curva Chico Landi, a Descida do Lago. Justamente no ponto onde o público das arquibancadas provisórias já viu tantos acidentes no passado, aconteceu mais outro.

Difícil colocar a culpa em qualquer um dos dois. Vettel não cedeu, Leclerc também não e a Ferrari do monegasco teve a suspensão dianteira direita quebrada. Um furo de pneu enquanto tentava voltar para os boxes fez Tião rodar.

Mais um Safety Car. Oferecimento de uma equipe sem rumo nenhum.

Stroll conseguiu a façanha de, na neutralização, quebrar a suspensão. Coitado, atropelou um detrito. Só foi visto na corrida dessa forma, porque por resultado, deixa quieto…

Hamilton foi para o “arrisca tudo”. Pôs um novo jogo de pneus e aí sim ficou em pé de igualdade com os demais. E o pódio que se avizinhava era surreal. Verstappen líder, Albon SEGUNDO e Gasly TERCEIRO!

Um 1-2-3 de carros patrocinados pela Red Bull. Um 1-2-3 da Honda que não se via na Fórmula 1 desde 1988. (N. do blog: último pódio com três pilotos com motores da marca ainda é o GP da Austrália – Prost primeiro, Senna segundo, Piquet terceiro).

Relargada para duas voltas decisivas. E no “arrisca tudo”, Hamilton fez caquinha. No Bico de Pato, ponto difícil e até improvável de ultrapassagen, tirou Albon do caminho.

Coitado do Albon… não merecia.

Lewis foi com tudo para cima de Pierre Gasly e, na pista, ainda tentou pelo menos ser 2º colocado. Não deu. E a Honda fez sua dobradinha com dois carros de times diferentes, pela primeira vez em 32 anos. A última fora no GP da Itália de 1987 – Piquet com Williams e Senna de Lotus.

Aí entra a crítica.

A FIA, rápida ou eficiente (entendam como quiserem) quando anunciou as punições a Kubica pela saída insegura à frente de Verstappen e antes a Ricciardo pelo toque com Kevin Magnussen no início da disputa, resolveu mandar um “a investigação do incidente entre Hamilton e Albon seria DEPOIS da corrida”.

É. Poderia ser depois, sim. Mas NA HORA. Antes do pódio, de preferência.

E por que? Porque premiaria o esforço de Carlos Sainz Jr., que de último veio para quarto na chegada e levaria o troféu de terceiro colocado, subindo pela primeira vez a um pódio na Fórmula 1.

Só que não.

Michael Masi e seus Blue Caps foram para a “salinha do VAR”. E nem precisava muito: na entrevista pós-prova conduzida por Rubens Barrichello, Hamilton CLARAMENTE admitiu o erro na abordagem a Albon.

Nesse doido GP do Brasil, uma pena que o pódio não fosse o mais justo.

Moral da história: Hamilton foi punido em cinco segundos, baixou de terceiro para sétimo na classificação e Sainz aumenta o cordão de pilotos na história para 211 no top 3.

É o primeiro “pódio” da McLaren em cinco anos – o último foi no GP da Austrália, em 2014. E também lá aconteceu de Jenson Button herdar o terceiro lugar por conta de uma desclassificação de Daniel Ricciardo. Na época a Red Bull recorreu – e perdeu.

Com essa loucura toda, a Alfa Romeo fez o melhor resultado da temporada com Räikkönen em quarto e Giovinazzi em quinto! Até Ricciardo salvou pontos depois de ser punido e cair pra último. E com o pódio de Gasly, o primeiro de um francês na Fórmula 1 desde Grosjean em 2015, a Toro Rosso passou a Racing Point no Mundial de Construtores e se aproxima da Renault.

Para encerrar, gostaria de deixar claro neste texto que, sem NENHUM viés político embutido nisto, não embarquem na onda de Deodoro.

Esqueçam Deodoro! Esqueçam Fórmula 1 no Rio de Janeiro.

Deodoro não vai sair do papel.

O GP do Brasil, creiam e entendam, NÃO PODE sair de Interlagos. Compreendem?

Interlagos é um templo. É um patrimônio histórico do esporte. A corrida deste domingo ficou para a eternidade.

Ouviu, Liberty Media?

É uma ordem renovar a continuidade do GP do Brasil, este lindo e maravilhoso!