RIO DE JANEIRO – Que ano de 2020 é esse…
Pandemia, mais de 2 milhões de atingidos, vítimas fatais passando de 100 mil, sem automobilismo, sem esporte, sem nada.
Amanhece 25 de abril… e perdemos Ricardo Divila.
Devastador.
Tinha 74 anos, passara pelo susto de um AVC em sua casa onde residia em Magny-Cours, na França, com a esposa Cristina. Mas após o acidente vascular cerebral, a situação infelizmente se agravou. Ricardo tinha um câncer no pâncreas e não resistiu.
A notícia de sua morte chegou via David Luff, antigo chefe de mecânicos da Copersucar-Fittipaldi. Logo se espalhou como rastilho de pólvora. Foi pegando os amigos de surpresa. E deixando todos nós entristecidos.
“Toda vez que ele vinha aqui saíamos para comer uma pizza e o encontro durava horas. Sempre tinha, em seu inseparável laptop, um projeto novo para mostrar. Era um papo saborosíssimo. Discorria sobre tudo, música clássica, outro tema que nos unia, filosofia, literatura, política, economia, ecologia. Era um homem do Renascimento, uma mente privilegiada. Fica uma dor”, registra o colega de profissão e amigo Lito Cavalcanti.
Ricardo era um sujeito formidável. Avant la lettre, como dizem os franceses. Um ótimo papo. E não se furtava em compartilhar conhecimento. Acho que é por isso mesmo que era tão querido por todos nós.
Do currículo, o que mais pode ser dito? Que com menos de 30 anos de idade fez o Copersucar-Fittipaldi FD01, um dos mais belos carros da história? Que trabalhou em outras equipes como Ligier, Minardi e Fondmetal? Que foi até sócio de time na Fórmula 3000?
Tem mais: esteve por muitos anos nas 24h de Le Mans – e esse assunto, inclusive, nos aproximou ainda mais. Ricardo vinha na área de comentários do blog e não era só pra falar de corridas, não: quando resenhei aqui o disco “Eric Clapton: live at The Rainbow Theatre”, de 1973, ele comentou e disse: “Eu e Wilsinho (Fittipaldi) fomos e vimos o show. Maravilhoso.”
No Japão, Ricardo foi um dos pilares do envolvimento recente da Nissan no motorsport – além de trabalhar por muito tempo na Fórmula Nippon – e por isso mesmo o piloto brasileiro João Paulo de Oliveira foi um dos que mais lamentou a perda do amigo e referência.
“Meu caro amigo, não sei se tenho palavras. Apenas sei que vou sentir uma saudade enorme de nossas ligações de horas e horas por Skype onde eu largava tudo que estava fazendo pra ouvir você. Você é foda e viverá comigo sempre. Vai com Deus meu irmão, um dia nos vemos”, escreveu JP em sua conta no microblog Twitter.
Esse era o Divila, que amou intensamente o esporte e o viveu, desde o momento em que se formou engenheiro na FEI, até os úlitmos dias de sua vida.
Você nunca será esquecido.
#RIP Godspeed.