WEC: Toyota domina em Spa-Francorchamps

RIO DE JANEIRO – Ao longo da quinta e sexta-feira, vieram as piadas. “A Toyota compareceu em Spa?”

Pois é: não só compareceu, como venceu as 6h de Spa-Francorchamps, sexta etapa do FIA WEC, o Campeonato mundial de Endurance. E em dobradinha.

Depois de dominada pela Rebellion em todos os treinos livres e no classificatório, os orientais deram o troco numa corrida marcada por vários períodos de pista molhada no último sábado (senão, não seria a Spa que conhecemos) e que, de alguma forma, mascararam a diferença de performance dos TS050 Hybrid em relação ao carro #1 de Bruno Senna/Gustavo Menezes/Norman Nato, que largou na pole e logo perdeu a ponta assim que o Safety Car guiado por Pedro Couceiro saiu da frente do pelotão de 29 carros.

O #7 do trio Mike Conway/Kamui Kobayashi/José María López, que era líder antes da prova belga, segue líder e muito líder do campeonato. A trinca venceu a disputa enquanto o #8 de Kazuki Nakajima/Sébastien Buemi/Brendon Hartley, depois de um problema com o sistema híbrido que deixou o bólido sem potência durante o primeiro stint, chegou a ameaçar – mas não muito.

Ao final de 143 voltas percorridas pelos 7,003 km do lendário circuito encravado nas Ardenas, a diferença entre os dois carros era de 34″170 entre os Toyota e uma volta inteira para o terceiro colocado. Na visão de Bruno Senna, foi um pódio “amargo”.

“Sofremos algum problema, possivelmente com os pneus, causado pela pressão ou temperatura. Foi algo muito bizarro que resultou numa performance terrível. Foi um dia bem duro e ainda levamos um tremendo azar porque um safety car saiu da pista bem quando entramos no pit lane para reabastecimento. Perdemos uma volta naquele momento e, a partir de então, foi só terminar a corrida”, explicou.

A LMP1 só teve quatro carros no plantel com a ausência dos Ginetta e do segundo Rebellion R13 prometido para Spa: o ENSO CLM P1/01 da ByKolles, quando não tinha problemas, até que veio em bom ritmo. Mas por duas vezes o carro #4 ficou para trás – a primeira, quando entrou no modo de limitador de velocidade e, na segunda, quando ficaram longo período nos boxes e com isso o carro ficou com a 27ª posição geral.

Na LMP2, a briga pela vitória foi boa no início entre o Racing Team Nederland e a United Autosports. Mas a partir do momento em que o piloto bronze do carro #29, o holandês Frits Van Eerd, entrou a bordo, aí a performance decaiu e o #22 com o trio Paul Di Resta/Filipe Albuquerque/Phil Hanson dominou e venceu. Aliás, Albuquerque e Hanson emplacaram duas vitórias em sequência – no fim de semana anterior, ganharam ali mesmo em Spa pelo European Le Mans Series.

A Racing Team Nederland, com Van Eerd e os compatriotas Job Van Uitert e Giedo Van der Garde, chegou em 3º atrás ainda da Cool Racing com Nico Lapierre/Antonin Borga/Alexandre Coigny – escapando de uma punição por conta do acidente que tirou da prova o Alpine A470 da Signatech Alpine Elf. A equipe francesa fazia sua melhor prova em 2020 e a corrida acabou assim para André Negrão/Thomas Laurent/Pierre Ragues.

Tenho a opinião de que Laurent tentou a ultrapassagem num ponto veloz e crítico, como a Blanchimont, e não se deu bem porque foi fechado. Pela câmera onboard pode se observar o francês olhando várias vezes para o retrovisor para saber onde Van Eerd estava. Deu no que deu. A direção de prova decidiu não punir o #29 e ficou o dito pelo não dito.

Prejuízo tremendo para a trinca do #36 e ficam cada vez mais reduzidas as chances de Negrão emplacar o bicampeonato mundial da LMP2 nesta temporada.

Outro prejuízo foi da High Class Racing, que errou nas contas e deixou Mark Patterson guiar menos do que o tempo mínimo permitido aos pilotos bronze na divisão, que é de 1h15min. Com isso, a equipe dinamarquesa perdeu seis voltas inteiras, mais 1min14seg, como punição. Do oitavo lugar geral, despencaram para 24º na classe e sétimo na categoria.

Na LMGTE-PRO, após inúmeros duelos ao longo de toda a disputa, a Porsche enfim venceu uma com a dupla campeã mundial: Michael Christensen/Kévin Estre tiveram de salvar combustivel para evitar um splash & go indesejado e, após quatro segundos lugares em cinco provas anteriores, puseram o #92 no topo do pódio.

A Aston Martin conseguiu que o “Dane Train” de Nicki Thiim e Marco Sørensen, mesmo após um pneu traseiro esquerdo furado, conseguisse seguir na pista sem precisar parar para repor gasolina. O mesmo não aconteceu a Maxime Martin/Alex Lynn, que assim perderam a chance de triunfar na disputa – os carros britânicos chegaram em 2º e 3º, respectivamente.

A melhor “lenha” foi no final entre a Ferrari #51 de James Calado/Ale Pier Guidi e o Porsche #91 de Gimmi Bruni/Richard Lietz, um duelo belíssimo por posições, com manobras lícitas de todos os envolvidos – com algum excesso de “track limits”, é verdade, e um show de conduta e pilotagem. Calado, que guiava no último stint, levou a melhor sobre o antigo parceiro de AF Corse e Ferrari.

E por falar na equipe AF Corse, o #83 de Manu Collard/Nicklas Nielsen/François Perrodo arrebentou a boca do balão e levou a melhor na divisão LMGTE-AM, com ótima atuação de Nielsen ao volante do carro italiano, registre-se. O trio agora lidera a tabela com 110 pontos contra 98 de Charlie Eastwood/Jonathan Adam/Salih Yoluç – que terminaram em terceiro com o Aston Martin da TF Sport.

O pódio teve ainda o Porsche da Dempsey Racing-Proton com Riccardo Pera/Christian Ried/Matt Campbell – e foi uma pena que na segunda metade da disputa o #57 da Project 1 tenha perdido ritmo. Felipe Fraga/Jeroen Bleekemolen/Ben Keating acabaram em quarto lugar na classe.

Já a estreia de Augusto Farfus como piloto do #98 da Aston Martin Racing foi positiva pelo aspecto do “Ninho” ter sido o mais rápido do carro e também da categoria com o tempo de 2’17″287. Porém, Paul Dalla Lana saiu da pista no “Pif Paf” em meio ao ‘mingau’ da pista que mudava da condição de molhada para seca, pouco depois da primeira hora de disputa. O carro foi para a caixa de brita e o resgate foi demorado. Com isso, perderam qualquer chance de um bom resultado e o 9º lugar na divisão foi o que deu para fazer. Foi o pior resultado da equipe na temporada 2019/20.

E a próxima prova, sem público como aconteceu em Spa, será a disputa das 24h de Le Mans, nos dias 19 e 20 de setembro. Na véspera, dia 18, haverá pela primeira vez o formato Hyperpole de classificação, com 30 minutos de pista aberta para os seis primeiros colocados de cada classe após os treinos de quinta.

Comentários

  • Rodrigo, os Porsches RSR somente são da equipe de fábrica ou ela escolhe as equipes que vão representá-la? Ou é possível você ter uma conta bancário extremamente gorda, ser um grande comprador de carros de rua deles e resolver montar uma equipe para brincar de corredor?

  • Foi realmente uma corrida com ótimas disputas nas quatro classes. Destaques para o Toyota #7, que parece desta vez dar as cartas dentro da equipe, onde era sempre batido pelo #8. Eles vão realmente muito fortes para Le Mans e para o titulo da temporada. Porém, pela conjuntura, minha torcida na LMP1 em Sarthe, será para o Rebellion, que encerra suas atividades.
    Todas as demais classes também com grandes disputas, a LMP2, no resultado, parece que a coisa tá muito encaminhada para o #22 e parece realmente uma trinca muito superior as demais. Enquanto que nas classes GTE nada parece definido e vejo os Aston Martin melhores a cada corrida.
    Que venham logo os dias 19 e 20 de Setembro.

  • Assisti a pouco mais de 1 hora depois do inicio da transmissão, e SPA no molhado é realmente espetacular.
    ocorreram dipsutas maravilhosas por posição, entre Porsches, Ferraris e Astons.
    Dá prazer de ver os GT’s.

    Antonio