Rast: adeus à Audi

RIO DE JANEIRO – A decisão da Audi em pôr de lado o programa de LMDh anunciado ano passado e que estaria nas pistas para 2023, em detrimento de um investimento do Volkswagen Auto Group (VAG) em Fórmula 1, concentrando não só a Porsche nessa investida como também o construtor quatrargólico de Ingolstadt – que deve ter uma estrutura própria – vai acumulando consequências depois da tomada de decisão.

Após a confirmação da debandada do Team WRT do posto de cliente Audi bandeando-se à outra marca alemã, no caso a BMW, para alinhar os protótipos LMDh da marca de Munique a partir de 2024 no FIA WEC, foi a vez de René Rast dizer adeus: o piloto alemão de 35 anos que retornou este ano ao DTM como ‘ponte’ visando passar ao Mundial de Endurance como piloto Audi – o que justamente aconteceria via Team WRT – comunicou que após o dia 9 de outubro, quando termina a temporada do certame em que defende a Audi, está fora da montadora depois de 12 anos. Ele tinha assinado um contrato que vigoraria até o fim deste ano e ambos – Rast e a Audi – tinham a opção da renovação. O piloto preferiu romper o acordo.

Três vezes campeão do DTM pela marca, com 24 vitórias e 20 poles, além de uma passagem pela equipe da Audi na Fórmula E por duas temporadas, Rast se diz de ‘coração partido’ por ter de sair. “Tenho outros objetivos no esporte a cumprir”, afirma.

“Esta decisão não foi nada fácil para mim. A Audi tem sido minha vida nos últimos anos. Trabalhamos de forma fantástica juntos e comemoramos muitos grandes sucessos.

Eu nunca vou esquecer esses momentos, nem as muitas grandes pessoas que tornaram possíveis minhas vitórias e títulos.

A Audi é uma marca forte com carros fascinantes como o Audi RS 6, que pude desfrutar como carro da empresa por muitos anos. A era da Classe 1 no DTM foi o destaque absoluto para mim. O Audi RS 5 DTM, com seu motor turbo de quatro cilindros, era um carro de corrida fantástico.

Infelizmente, esta era terminou muito rápido. Tanto nos protótipos de Le Mans quanto na Fórmula E, também tive a infelicidade de ter acabado de me juntar à equipe quando os programas terminaram. Foi uma pena.

Estou gostando do DTM com carros de corrida GT3 muito mais do que jamais poderia imaginar. Mas ainda tenho alguns objetivos no automobilismo que quero alcançar. É por isso que tenho que me despedir dos fãs da Audi com o coração pesado após o final da temporada de 2022.”

“René Rast tem sido subestimado há muito tempo”, disse Julius Seebach, chefe de motorsport da Audi e diretor da Audi Sport GmbH. “Na Audi Sport, ele foi capaz de mostrar que é um dos melhores pilotos de corrida do mundo. Acima de tudo, suas façanhas na era da Classe 1 do DTM sempre estarão intimamente associadas aos quatro anéis”.

Consta que o futuro de Rast no automobilismo passa pelo regresso ao ABB FIA Fórmula E: por sua experiência com os monopostos da categoria elétrica, ele tem boas chances de ser um dos pilotos da McLaren, que entra na competição em 2023 com o espólio da Mercedes e powertrain Nissan no monoposto da Gen3 que estreia no próximo campeonato. A série seguirá inclusive com os dois brasileiros que lá estavam: Lucas Di Grassi fechou com a Mahindra para ser o novo parceiro de Oliver Rowland e Sérgio Sette Câmara vai na NIO junto a Dan Ticktum.

Falando nisto, a Dragon terá – como já anunciado há muito – o novo campeão Stoffel Vandoorne em dupla com Jean-Éric Vergne na associação da equipe do grupo Penske com a DS Technologies. Antônio Félix da Costa junta-se a Pascal Werhlein na Porsche, enquanto Sacha Fenestraz é por enquanto o único nome da Nissan garantido para o próximo campeonato. Sébastien Buemi bandeou-se para a Envision no posto de Robin Frijns e cinco equipes não têm formações 100% definidas – Avalanche Andretti, Maserati, McLaren, Team ABT (que retorna com powertrain Mahindra) e Techeetah, que após o fim do último campeonato ficou sem fornecedor.

Outra opção bem plausível para Rast é fazer parte do Team WRT como piloto de fábrica da BMW a partir de 2024, hipótese que não pode ser descartada e não cria – pelo menos neste momento – nenhum conflito entre Endurance e Fórmula E.

Comentários

    • Não necessariamente. Pode haver uma flexibilização da situação sanitária do pais para ele poder transitar entre Japão e Europa e seguir pelo menos no Super GT e na Fórmula E. Mas parece que a Nissan pegou o franco-argentino pelo colarinho. Vou me inteirar da situação.

      • Permanecendo no Super GT, é praticamente impossível não haver uma transferência dele para a Nissan tb por lá e, dada a velocidade do franco-argentino, no #23 ainda por cima. Agora eu começo a entender todo o foco colocado pela Tom’s Toyota no Alesi.