Mauro Forghieri (1935-2022)

JOÃO PESSOA – Foram 22 anos de dedicação à Ferrari e mais um punhado de tempo servindo outra marca italiana, a Lamborghini. Um dos maiores engenheiros que a Fórmula 1 conheceu despediu-se da vida hoje, aos 87 anos: Mauro Forghieri.

Pensem na responsabilidade que este homem assumiu tão novo. Com 27 anos de idade, Enzo Ferrari o promoveu ao posto de técnico número 1 da equipe de Maranello após a saída de Carlo Chitti e Romolo Tavoni, que era o diretor esportivo e foi substituído por Eugenio Dragoni. Forghieri tinha somente dois anos como profissional após a graduação em Engenharia no ano de 1960 na Universidade de Bolonha. E assumiu o desafio.

Projetou motores históricos como o 158, o propulsor 1,5 litro V8 com que John Surtees venceu o Mundial de F1 em 1964 e também as unidades boxer de 12 cilindros opostos que começaram a ganhar as pistas em 1966 na transição do regulamento de 3 litros. Esses motores deram títulos mundiais a Niki Lauda e Jody Scheckter.

O ano de 1984, quando a Ferrari contava com Michele Alboreto e René Arnoux, foi o último do ingegnere como diretor técnico. Ele ainda fez um projeto de carro-conceito – o 408 RM – e despediu-se definitivamente de Maranello em 1987.

A Chrysler encampou a Lamborghini e contratou Forghieri para desenhar um motor de Fórmula 1: a unidade 3512 com arquitetura em V a 65º e muita potência, bem ao gosto dos italianos, fez a marca de Sant’Agata disputar a categoria entre 1989 e 1993, pelas equipes Larrousse, Lotus, Modena (Lambo), Ligier e Minardi. Até a McLaren fez um teste em Portugal com um carro totalmente branco onde roncava o V-12 projetado por Mauro Forghieri. Só que Ron Dennis assinou com a Peugeot e a Lamborghini saiu da categoria.

Cidadão honorário de Modena – a mesma cidade-sede da Ferrari –  desde janeiro, Mauro nunca cortou definitivamente os laços com o esporte. Teve como clientes marcas como BMW, Bugatti e Aprilia – e esteve envolvido com diversos projetos até há pouco.

Addio, Forghieri!

Comentários

  • Mattar, uma curiosidade;

    Pelo que lembro em uma entrevista de tempos atrás, acho que ele era parente do tecladista da Blitz, o William “Billy” Forghieri…

  • Sempre torci contra a Ferrari, adversária do Emerson, do Piquet e do Senna. Depois veio a fase Barrichelo e Massa, que só piorou as coisas.

    Mas não tive como não admirar esse engenheiro genial. E suponho que ele seja mais forte político, até do que engenheiro, para poder sobreviver tanto tempo num ambiente tão comprometido, como é o da equipe Ferrari (especialmente com o Comendatore vivo).

    E meu respeito cresceu a assistir palestras dele para alunos de escolas de engenharia, na Italia (tem algumas, no youtube), preocupado em transmitir ensinamentos para os estudantes. Ou seja, mesmo aposentado e rico, tinha a paciência e o método de se dedicar aos alunos. É um gesto generoso.

    Salve, Mauro Forghieri.