Glickenhaus SCG007: fim da linha


RIO DE JANEIRO - Acabou o sonho: a Scuderia Cameron Glickenhaus não vai mais disputar o Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC) em 2024 na divisão Hypercar. A ambição do dono da equipe Jim Glickenhaus em combater os grandes fabricantes de chassis e motores no regulamento sucessor da LMP1 terminou por conta da ausência do principal combustível para a manutenção do programa: dinheiro.

Com o prazo muito apertado para a confirmação das inscrições - o ACO e a FIA recebem os 'fees' até o próximo dia 20 de novembro - Glickenhaus tinha ainda uma pequena esperança de resolver os problemas que impediram sua organização de, assim como no ano passado, se inscrever nas etapas finais em Fuji, no Japão, e no Bahrein. Contudo, sem apoio, ele confirmou nesta terça-feira (17) que não alinhará na competição que começa em março com os 1812 km do Catar em Losail.

"Para uma equipe pequena como a nossa, não há senso algum em seguir no WEC", resignou-se Glickenhaus. "Precisávamos de fundos para tentar melhorias, uma versão Evo do nosso carro, ou para fazer dois", disse. "Ou, na melhor das hipóteses, vender um para times clientes. Nem isso será possível", finalizou.

O Glickenhaus SCG007 foi fruto de um esforço enorme de um sonhador que alinhou nas 24h de Nürburgring modelos muito parecidos com esportivos da Ferrari. O Hypercar que estreou em 2021 nas 8h de Portimão, com um desempenho um tanto quanto sofrível na ocasião, foi desenvolvido pela Podium Advanced Technologies em parceria com a Joest Racing e a Pipo Moteurs, que fez as unidades 3,5 litros V6 Biturbo. O SCG007 era, junto ao Vanwall Vanderwell 680, o único Hypercar sem sistema híbrido de recuperação de energia. O carro estadunidense foi guiado, entre outros bons nomes, por Pipo Derani, Gustavo Menezes, Olivier Pla, Ryan Briscoe, Franck Mailleux, Romain Dumas e Richard Westbrook.

Mesmo assim, a Scuderia Cameron Glickenhaus conseguiu pequenos feitos, como um pódio nas 24h de Le Mans, liderar até quebrar - com pole position, inclusive - as 6h de Monza no ano passado e terminar na frente de Peugeot e Porsche em La Sarthe este ano.

"Fizemos um esforço legítimo e nos saímos bem para um construtor em menor escala", avalia Jim. "Fomos parte importante do FIA WEC quando eles precisaram muito de nós", concluiu.

Há alguns meses, em tom de profecia, Glickenhaus já advertia.

"Dificilmente haverá lugar para equipes privadas ou construtores menores no WEC a médio prazo".

E talvez não esteja errado.

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