Equipes históricas – Tyrrell, parte XXVI
RIO DE JANEIRO – O péssimo ano de 1993, o pior da história da equipe até aquela data, fez a Tyrrell repensar tudo para a temporada seguinte do Mundial de Fórmula 1. Sem ter que pagar pelos motores Yamaha V10, a equipe britânica apenas exigiu melhorias mecânicas porque a parte dela, na pista, ela tentaria cumprir com um carro melhor que o antecessor.
A novidade era a volta de Harvey Postlethwaite ao posto de diretor técnico, após a fracassada experiência com George Ryton e Mike Coughlan. Da Ferrari, veio Jean-Claude Migeot para coordenar os trabalhos de pesquisa aerodinâmica. E o jovem engenheiro Mike Gascoyne, então com 31 anos apenas, desenhou o novo carro sob a supervisão de Postlethwaite. Nasceu o modelo 022, para receber a unidade OX10B desenvolvida em Rugby e projetada por John Judd. O carro foi apresentado na cor branca, remontando aos tempos da equipe no início e meados dos anos 80.
Apesar dos maus resultados e da fama de trapalhão, Ukyo Katyama foi mantido para mais uma temporada graças ao fato de ser japonês feito a Yamaha e aos patrocinadores de seu país – um deles, os cigarros Mild Seven, que também estampavam seu nome na cada vez mais forte Benetton. Para o lugar de Andrea De Cesaris, foi chamado Mark Blundell, que fizera um bom trabalho na Ligier em 1993 ao lado de Martin Brundle.
Com o novo regulamento, que apresentava o retorno dos reabastecimentos e o fim do excesso de eletrônica, culminando com a extinção de suspensões ativas e demais perfumarias, a Tyrrell estava bastante otimista quanto às suas possibilidades. O bom desempenho do 022 nos testes de pré-temporada só aumentou as expectativas.
E elas foram confirmadas logo de cara, na abertura do campeonato com o GP do Brasil em Interlagos. Os dois pilotos largaram em posições bastante razoáveis e embora a corrida de Blundell tenha terminado com apenas 21 voltas, Katayama seguiu firme e rápido. Foi o sétimo piloto mais rápido da corrida e chegou em 5º, para somar seus dois primeiros pontos na carreira e começar de forma promissora o ano para a tradicional escuderia britânica.
No travado circuito de Aida, sede pela primeira vez do GP do Pacífico, Blundell foi levado de roldão no toque entre Ayrton Senna e Mika Häkkinen logo na primeira curva, sobrando também para a Ferrari de Nicola Larini. Katayama vinha em 14º lugar quando o motor de seu carro teve problemas e o japonês foi obrigado a abandonar. O tristíssimo GP de San Marino viu a volta de Ukyo aos pontos após uma excelente atuação que se desenhou – aliás – desde os treinos, quando classificou-se em nono no grid. Blundell recebeu a quadriculada pela primeira vez no ano, completando em 9º lugar.
Em Monte-Carlo, o britânico conseguiu classificar-se pela primeira vez à frente do companheiro de equipe num grid de largada. Mas nem Blundell e muito menos Katayama chegaram ao final do GP de Mônaco. Na corrida seguinte, em Barcelona, Mark foi beneficiado pelo problema na McLaren Peugeot do amigo, ex-companheiro de Brabham e Ligier e compatriota Brundle. E conquistou um inesperado 3º lugar, que o tempo encarregaria de consolidar como o 77º e último pódio da história da Tyrrell na categoria. Katayama abandonou após 16 voltas, com problemas mecânicos.
No Canadá, nem a introdução de uma abertura acima do cofre do motor dos carros, para restringir potência e velocidade dos Fórmula 1, medida adotada após as mortes de Senna e Ratzenberger em Imola, afora os assustadores acidentes que permeavam testes e treinos classificatórios – os últimos de Karl Wendlinger e Andrea Montermini – tirou dos Tyrrell 022 o bom desempenho. Katayama foi de novo muito bem nos treinos, mas acabou alijado da disputa por um novo problema mecânico. Blundell vinha em 9º lugar perto do fim, quando despistou-se e desistiu.
Em Magny-Cours, os dois tiveram o pior desempenho em treinos até ali: 14º para Katayama e 17º para Blundell. Não foi uma boa corrida para nenhum dos dois pilotos. Enquanto o japonês ficou de fora mais uma vez por um problema em seu carro, Blundell ficou entre os últimos desde o início, conseguindo recuperar de 22º para décimo e último entre os que terminaram, com cinco voltas de atraso em relação ao vencedor Michael Schumacher. No GP da Inglaterra, foi o câmbio que traiu o britânico, que tinha pretensão de fazer bonito diante de seus torcedores. Katayama voltou a somar pontos e terminar uma corrida após um jejum de quatro etapas: acabou em 6º, beneficiado pela posterior desclassificação de Schumacher, numa corrida permeada por muita polêmica – entre tantas daquele ano de 1994.
No GP da Alemanha, a Tyrrell voltou a andar bem nos treinos, beneficiada por uma evolução do motor Yamaha V10 que possibilitou a Katayama um espetacular 5º tempo no grid e o sétimo lugar a Blundell. Se a corrida do britânico foi para o ralo na múltipla colisão da primeira curva – culpa de Mika Häkkinen, foi um problema de acelerador (seguido de uma rodada) que deitou por terra a extraordinária performance do japonês, que vinha no início logo atrás de Gerhard Berger e Michael Schumacher, que depois abandonaria.
Não fosse isso, Ukyo, quem sabe, podia ter sido 2º, já que estava à frente de Olivier Panis quando desistiu. Já pensaram?
Vida que segue e no GP da Hungria, largando novamente de 5º, Katayama durou pouco na corrida, pois se envolveu num entrevero com as Jordan de Rubens Barrichello e Eddie Irvine. Blundell foi bem melhor e terminou justamente em quinto, voltando a marcar pontos após o pódio na Espanha. Em Spa, no GP da Bélgica, o britânico foi de novo o 5º colocado após mais uma desclassificação de Michael Schumacher – daquela vez porque o fundo de madeira instalado em sua Benetton apresentava um desgaste maior que o permitido. Katayama abandonou de novo.
Na pista de Monza, os dois pilotos da Tyrrell vinham embolados com o brasileiro Rubens Barrichello na metade final da disputa e bastante próximos. Blundell era sétimo quando desistiu com problemas de freios e Katayama, que vinha em quinto e à frente do piloto da Jordan, também enfrentou o mesmo problema e rodou a oito voltas da quadriculada. Em Portugal, por um problema antes da largada, Katayama perdeu o 6º lugar no grid e teve que largar de último. Acabou abandonando aquela corrida com uma falha no câmbio. Blundell esteve perto da zona de pontos, mas uma falha de motor o fez desistir na 61ª volta.
O GP da Europa, em Jerez de la Frontera, foi o único em que os dois pilotos conseguiram chegar juntos ao fim. Largando da sétima fila, Katayama andou bem e chegou em 7º, perto de mais um pontinho no campeonato. Blundell foi mais discreto e completou em 13º lugar. No Japão, debaixo de forte chuva, Ukyo foi traído pelo aquaplaning e bateu com o compatriota Taki Inoue logo no início. Mark desistiu por problemas de motor. A última corrida foi o GP da Austrália e de novo nenhum dos dois terminou. Katayama vinha em 11º quando teve problemas e Blundell era oitavo até se acidentar em sua última corrida pela equipe.
No fim das contas, até que a temporada de 1994 foi bem razoável, com direito ao 6º lugar no Mundial de Construtores com 13 pontos, igual a Ligier e melhor que a Sauber, que tinha todo o apoio e o dinheiro da Mercedes-Benz, afora a superioridade em relação à Footwork, que começara o ano no mesmo nível da Tyrrell – sem contar Minardi, Larrousse, as estreantes Simtek e Pacific e a outrora pujante Lotus, que vivia seus últimos dias.
Próximo capítulo: o ano de 1995.
Rodrigo.
Porque essa foto do Caiado com o Rodrigo Maia está aí?
Aí onde?
A segunda foto do post,mas agora está normal com a foto do Katayama,
Muito provavelmente deve ser o meu iPad que esteja com algum problema,
E tem uma foto do Langes ai também…
Não estou entendendo. A foto do Langes está no post dele.
Então só pode ser defeito no meu IPad.
Desculpa ai,então Rodrigo.
Porque aparece uma foto das finalistas do concurso Coelhinha do Ano 2007 aparecem no lugar das fotos da Tyrrell?
Não sei. Não tenho nada a ver com isso.
Se nessa temporada de 1994 a Tyrrell tivesse um Alesi ou um Alboreto a equipe teria ido muito melhor na tabela de classificação.
Rodrigo, o companheiro do Rubinho na Jordan em 1994 era o Eddie Irvine, vc trocou pelo Olivier Panis na parte do GP da Hungria
Rodrigo, boa noite.
Em relação ao comentários do “VINICIUS” e do “GABRIEL MEDINA, O OUTRO”, de fato eles têm razão.
Explico:
Mei IPad é useiro e vezeiro em mostrar a mensagem:
“ocorreu um problema nesta web-página e ela foi recarregada”
E quando de fato recarrega, as imagens voltam por vezes fora da sequência dos posts, ficam defasadas, se bem que prá mim nunca apareceu Ronaldo Caiado e Rodrigo Maia e muito menos alguma Coelhinha. . .
Abraço.
Zé Maria
Rodrigo, a Tyrrell em 99 virou BAR, que depois virou Honda, que virou Brawn e hoje é a Mercedes? Digo em termos de estrutura? É a mesma?
Imperdível esta série de posts relatando em detalhes a história da saudosa Tyrrell. Bravo! Aguardo ansiosamente pelo próximo.