Toyota estreia Hypercar com vitória nas 6h de Spa-Francorchamps

SÃO PAULO – A Toyota conquistou a primeira vitória do novo regulamento Hypercar neste sábado: as 6h de Spa-Francorchamps tiveram o triunfo do carro #8 guiado por Kazuki Nakajima/Brendon Hartley/Sébastien Buemi, completando um total de 162 voltas pelos 7,003 km de extensão do circuito encravado na Floresta das Ardenas.

E não foi fácil, não: a Signatech Alpine Matmut, mesmo com um LMP1 não-híbrido participando da nova classe LMH, andou muito. André Negrão/Matthieu Vaxivière/Nico Lapierre lideraram a disputa em vários períodos, incomodaram a Toyota e conseguiram um bom ‘pace’ de prova. Chegaram em segundo – na mesma volta, aliás – mas a 1min07seg196 dos vitoriosos.

A Toyota tinha todas as possibilidades de, mesmo com um carro novo e mais pesado, fazer a dobradinha. Mas o #7 dos campeões Kamui Kobayashi/Mike Conway/José María López se enroscou com um retardatário, foi penalizado e ainda saiu da pista. Afora pit stops lentos e demorados. Até foram ameaçados pelos LMP2, mas a ameaça logo se dissipou.

Quem esperava neve, chuva ou qualquer outra coisa que atrapalhasse a corrida se decepcionou. Entretanto, a temperatura ambiente em Spa era muito baixa, o que atrapalhava o aquecimento dos pneus.

Quanto à dinâmica da corrida, que teve três períodos de Full Course Yellow (FCY), o Alpine teve stints mais curtos que os dois Hypercars da Toyota. Mas o ritmo de prova do carro azul da equipe de Philippe Sinault foi muito bom. Lapierre e Vaxivière chegaram a cravar a melhor volta, mas Buemi ficou com o melhor tempo da disputa – 2’03″930.

Na LMP2, mesmo com uma penalização por infração nos procedimentos de FCY, a United Autosports conseguiu uma vitória simplesmente dominante – Filipe Albuquerque e Phil Hanson, campeões de 2020, mais o estreante Fabio Scherer, conseguiram um espetacular 4º lugar geral a apenas uma volta dos vencedores – e uma à frente de Roberto González/Antonio Félix da Costa/Anthony Davidson.

A JOTA foi ao pódio com seus dois carros: o #28 de Stoffel Vandoorne/Sean Gelael/Tom Blomqvist alcançou a terceira posição da categoria, já que a G-Drive Racing, que chegou a brigar para terminar em segundo, teve um insolúvel vazamento de óleo e a equipe de bandeira russa (porém proscrita no WEC) teve que se retirar da disputa.

Com o sétimo posto geral, o #29 do Racing Team Nederland fez jus à vitória na subclasse Pro-Am, também de forma dominante. Esteban Garcia, apesar de um ritmo muito lento nos seus stints, foi salvo por Norman Nato e Loïc Duval – a trinca chegou em 2º na subclasse com o carro da Realteam Racing, na frente da DragonSpeed de Juan Pablo Montoya, Henrik Hedman e Ben Hanley.

O trio feminino da Richard Mille Racing fez uma prova correta e sem erros: chegaram em 11º na geral e oitavo na categoria.

A Porsche enfrentou pequenos percalços – três furos de pneu traseiro direito, para ser mais exato – mas ainda assim triunfou tranquila na LMGTE-PRO com uma performance excelente de Kévin Estre, coadjuvado por Neel Jani. A dupla fechou em 15º na geral com mais de 34 segundos de frente para Ale Pier Guidi e James Calado, começando o campeonato com pontuação máxima.

Daniel Serra e Miguel Molina foram ao pódio em boa corrida, terminando em 17º na geral e terceiro na LMGTE-PRO. A dupla completou as mesmas 153 voltas dos vencedores e à frente do Corvette C8.R e do Porsche de Richard Lietz/Gimmi Bruni.

Já na classe LMGTE-AM, após o domínio inicial do Aston Martin #33 da TF Sport, só deu Ferrari da AF Corse. O carro #83 de François Perrodo, Nicklas Nielsen e do novato Alessio Rovera pegou a ponta e não largou mais. Fecharam com 44 segundos de vantagem para Dylan Pereira, Felipe Fraga e Ben Keating.

Após alguns problemas enfrentados no início da disputa, com duas rodadas e saídas de pista, a Cetilar Racing avançou na segunda metade e conseguiu um meritório pódio com o trio formado por Roberto Lacorte/Giorgio Sernagiotto/Antonio Fuoco – outro novato no WEC.

A NorthWest AMR dos brasileiros Augusto Farfus e Marcos Gomes, mais o canadense Paul Dalla Lana, acabaram em 6º na categoria. Fecharam a disputa à frente da D’Station Racing, que fez um ótimo início de corrida com Tomonobu Fujii, além das duas Ferrari da Iron Lynx.

As “Iron Dames” ficaram em oitavo na LMGTE-AM, na estreia de Katherine Legge dividindo o carro com Rahel Frey e Manuela Göstner. Em dado momento da disputa, chegaram a andar em terceiro.

Entre os 33 carros que largaram – o Team Project 1 perdeu o Porsche de Perfetti/Cairoli/Pera após o acidente no treino classificatório – dois não terminaram: além do protótipo da G-Drive, quebrou o Porsche de Christian Ried/Matt Campbell/Jaxon Evans.

O #86 da GR Racing, com Tom Gamble/Michael Wainwright/Ben Barker bateu na abertura do box e não correu. A ARC Bratislava, que teria na prova o trio Miro Konôpka/Darren Burke/Tom Jackson, também não largou. Com problemas de vazamento de gasolina, o único Ligier inscrito ficou fora da prova.

A próxima etapa será a disputa das 8h de Portimão, no Algarve. Espera-se a estreia da Glickenhaus com seus dois Hypercar. Uma mudança na lista de inscritos – e deve haver outras – já está confirmada: Louis Déletraz fará a prova pela Inter Europol Competition por conflito de datas entre o WEC e a IMSA em Detroit.

Comentários

  • Bem, pelo que o prólogo e os primeiros treinos livres apontaram, pode-se considerar uma excelente estreia dos Hypercar da Toyota, ainda que contando com os contratemos da trinca do #7. Pelo que acompanhei no time scoring do site oficial, foram consistentes revezando sempre a ponta com o Alpine. Não aconteceu a disputa aberta com os LMP2 como eu cheguei a pensar que ocorreria porém, definitivamente, a diferença entre eles está bem menor e a próxima corrida terá 8h de duração, qualquer um poderá se dar bem dependendo do acerto do carro e da estratégia.
    Na LMP2 o carro da United Autosport ganhou com o pé nas costas, mas boto fé em alguns outros carros ali para dar uma apimentada ao longo da temporada. Ocorreu o mesmo na LMGTE Pro, mesmo com os pequenos problemas, o Porsche #92 rumou tranquilo para a vitória na classe. A AF Corse acertou em reformular uma das duplas, substituindo full time Davide Rigon por Daniel Serra e os dois carros foram muito bem. Duas duplas muito fortes para o título da classe.
    A corrida da LMGTE Am mostrou também que vem briga boa por ai…muito carro com trincas fortes…e pelo que se viu haverá postulantes ao título na classe em carros das três marcas. Aliás, Já que o Corvette C8R estreou ano passado, será que algum dono de equipa já poderia trazer um para a LMGTE Am? Isso se tiver algum disponível usado ano passado pela Corvette Racing, claro. Que seria muito legal, seria.

  • Andre Negrão foi prejudicado por uma tocada da Jota LMP2 perto da Eau Rouge perigossima. A Toyota teve ritmo mas o Kobayashi fez marmelada quem quer ganhar Le Mans tem de evitar distrações. Corrida boa não será fácil para equipe japonesa. Se quebrarem algo nas 24h vão perder a corrida esse ano.

  • Tivemos algumas corridas divertidas hoje, essa entre elas.

    Mattar, na falta de post específico da Indy, deixo aqui os parabéns a você e Kern pela transmissão na Cultura.

    Dessa vez (assim como na corrida de St Pete, e diferente do que ocorreu na primeira etapa) foi possível acompanhar no site da TV Cultura, o que é muito legal.

    Abraços e boa sorte com o restante da temporada, espero que a audiência aumente.

  • Na que eu considere o GR010 particularmente feio ou estranho, mas vê-lo dividir a pista com carros conhecidos, como o Oreca e os Porsches, é particularmente esquisito.