24h de Le Mans: definidos os classificados para a Hyperpole e quatro carros de brasileiros dentro

O Toyota #7 foi o mais rápido da quarta-feira de definição de vagas à Hyperpole (Foto: FIA WEC/AdrenalMedia.com/Gabi Tomescu)

RIO DE JANEIRO – É bem verdade que posição de largada não significa muito ou absolutamente nada em provas de longa duração, mas é claro que todo mundo quer estar nos holofotes da mídia nesta quinta-feira, por ocasião da disputa da segunda Hyperpole – o novo formato de treino oficial adotado para as 24h de Le Mans, que se realiza amanhã às 21h da França, 16h de Brasília.

A definição dos 23 carros que tomarão parte dessa sessão aconteceu nesta tarde de quarta, já início de noite no Circuit de La Sarthe, ainda com a luz natural, antes que os carros retornem ao traçado para mais duas horas de treinos livres. E são 23 – seriam 24 – porque a Hypercar tem somente cinco inscritos e o número limite de competidores por classe é seis.

Para surpresa de ninguém, a Toyota apresentou armas e conquistou o melhor tempo do dia e até agora do fim de semana com Kamui Kobayashi numa de suas voltas voadoras – o japonês encerrou o assunto logo de cara com 3’26″279, tempo que ninguém mais conseguiu superar.

O máximo que houve de aproximação veio da Alpine com seu A480 Gibson LMP1: o carro azul de dorsal #36, do brasileiro André Negrão e dos franceses Matthieu Vaxivière e Nico Lapierre registrou seu melhor giro em 3’27″095, superando o #8 do trio atual campeão do evento.

Os dois Gilckenhaus 007 LMH, num último esforço, conseguiram virar abaixo de 3’29”, a marca estabelecida no Test Day. Com o chassis mais leve, Olivier Pla levou o #708 que tem entre os pilotos o brasileiro Pipo Derani, à marca de 3’28″256.

O insucesso do #22 da United Autosports ajudou ao trio da JOTA e o carro #38 a marcar a melhor volta entre os 25 carros da numerosa classe LMP2 em Le Mans (Foto: FIA WEC/AdrenalMedia.com/Marius Hecker)

Na LMP2, a grande surpresa é a ausência da United Autosports com o carro #22 da Hyperpole. Filipe Albuquerque saiu do carro muito irritado com o intenso tráfego dos LMGTE-PRO e LMGTE-AM – que são, é verdade, carros mais lentos, mas não são obrigados a estender tapete vermelho e ceder posição sob pena de perderem tempo. O português não encaixou uma única volta boa e o atual campeão da prova e mundial terá que largar de 12º na categoria e 17º na geral junto a Phil Hanson e Fabio Scherer.

Inclusive, os outros dois carros do time de Zak Brown e Richard Dean avançaram com a 5ª e 6ª marcas, respectivamente, numa sessão onde deu as cartas o #38 da JOTA e o trio vice-campeão da disputa ano passado: Antonio Félix da Costa estabeleceu a volta rápida da classe em 3’28″807, com o carro que divide com o mexicano Roberto González e o britânico Anthony Davidson. A G-Drive Racing ficou em 2º com o #26 do campeão da Fórmula E Nyck De Vries, o promissor novato argentino Franco Colapinto e o sempre aguerrido – e bastante agressivo – Roman Rusinov.

Debutante em La Sarthe, a equipe belga WRT começa muito bem: o #41 avançou para a Hyperpole, seguido do #65 da Panis Racing e dos outros dois carros da United, com o #32 do European Le Mans Series à frente do #23, o carro extra do time anglo-britânico.

Não há ponto extra e nem Hyperpole para a LMP2 Pro-Am mas cabe o registro: o #70 da Realteam Racing, do trio Esteban García/Loïc Duval/Norman Nato foi o mais rápido da sessão classificatória e por pouco não avançou entre os seis mais rápidos – ficaram em 7º, com 3’29″261. A boa surpresa foi a PR1 Mathiasen Motorsports debutando com a segunda marca da subcategoria e a oitava geral da divisão. A DragonSpeed ficou com o terceiro posto da Pro-Am, seguida pelo #17 da IDEC Sport e pelo Racing Team Nederland.

A Risi Competizione, do brasileiro Felipe Nasr e seus parceiros Ryan Cullen e Oliver Jarvis não ficou muito atrás da frustrada United Autosports. O carro #82, o primeiro protótipo alinhado pelo time dos EUA em anos nas 24h de Le Mans, ficou com o 14º tempo da divisão – 3’30″418, a 1″701 do mais rápido

As decepções foram os dois carros da High Class Racing, que se colocaram apenas em 20º e 21º na divisão, além do trio feminino da Richard Mille Racing, 28º na geral e que só ficou adiante da Graff e do único Ligier inscrito pela Eurasia.

A Association SRT41, que alinha um LMP2 para dois pilotos com mobilidade reduzida, teve o mérito de se qualificar com a 29ª posição geral da sessão – 3’33″538, o que é bastante significativo.

Recordes quebrados nas classe LMGTE-PRO e LMGTE-AM: nesta última, Julien Andlauer – e outros 16 pilotos – andaram abaixo do recorde anterior de Matteo Cairoli (Foto: FIA WEC/AdrenalMedia.com/Gabi Tomescu)

Nas duas classes de Grã-Turismo, quebra de recordes – e na LMGTE-PRO, por muito: Daniel Serra fez uma volta sensacional em 3’46″011 com a Ferrari 488 GTE EVO da AF Corse, superando em mais de um segundo e meio o tempo de Gianmaria Bruni há três anos, obtido com o uso do vácuo em três oportunidades, quando as sessões de classificação eram mais longas do que agora e havia um treino à noite.

O brasileiro liderou o 1-2 da AF Corse, já que num último esforço James Calado suplantou Kévin Estre e conseguiu a segunda posição para o construtor de Maranello. A Porsche terá três carros na Hyperpole, já que a privada HubAuto surpreendeu e se garantiu com o 5º tempo de Dries Vanthoor superando o carro oficial de Gianmaria Bruni. O Corvette #64, na estreia do C8.R em Le Mans avançou – o que significa que o #63 e o Porsche #79 da Weathertech Racing ficaram fora.

Na LMGTE-AM, Julien Andlauer levou o #88 da Dempsey-Proton ao novo recorde da subcategoria, marcando 3’48″620, no carro que será dividido com o mais velho concorrente da história (75 anos) Dominique Bastien e Lance David Arnold, estreante nas 24h de Le Mans.

Serão três Porsches, duas Ferrari e um Aston Martin na Hyperpole, cabendo as demais vagas à GR Racing, para a novata Inception Racing, à líder do campeonato Cetilar Racing, ao #56 do Team Project 1 e, num último suspiro, ao #33 da TF Sport e do brasileiro Felipe Fraga, desalojando do posto a Iron Lynx do estreante Callum Ilott e também o #95 alinhado pelo time de Tom Ferrier, que na verdade perdeu a última volta rápida – que o qualificaria – e foi defenestrado do top 6.

Outras apostas para a Hyperpole ‘dançaram’, como o Porsche #99 que dominou o Test Day do último domingo, além das Ferrari #57 da Kessel Racing alinhada em parceria com a CarGuy e a #54 da AF Corse, do veteranaço Giancarlo Fisichella.

Apesar dos esforços de Nicki Thiim, a Northwest AMR, do brasileiro Marcos Gomes, não foi além da 16ª posição da classe e a trinca do #98, completada pelo gentleman driver Paul Dalla Lana, terá de largar da 55ª posição geral, logo à frente da Ferrari das “Iron Dames”.

O grid de 62 carros será fechado pela Herberth Motorsport: a novata – na prova – equipe alemã terá também três estreantes a bordo: Alfred Renauer, Rolf Ineichen e Ralf Böhn. O trio será o lanterninha com a marca de 3’52″960.

Comentários

  • Caro Rodrigo,
    bom treino dos times com brasileiros. Um pouco decepcionante o desempenho da Glickenhaus, mas dá para dar um desconto. Impressionante o tempo dos GTE-Am. O que houve para andarem a ponto de tantas quebras de recorde?
    A propósito e a tempo, como sempre a cobertura que você proporciona é nota 10!
    Obrigado!