FIA WEC 2023, Silly Season: quem e onde?

RIO DE JANEIRO – A décima-primeira temporada da atual trajetória do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC) começa para valer em março, dia 17, com a disputa das 1000 Milhas de Sebring. Fora das pistas, a temporada de boatos, a chamada Silly Season, corre solta porque o que não falta é interesse em torno da competição – principalmente na classe Hypercar, com o primeiro ano do regulamento de convergência com os modelos LMDh.

O fim da LMGTE-PRO deixará a categoria com somente uma divisão de Grã-Turismo e ao que tudo indica, em 2024 só devem coexistir LMDh e LMGT3. Estuda-se o fim da LMP2 como uma subdivisão de protótipos do Mundial de Endurance, cabendo a eles um número de vagas aberto para as 24h de Le Mans, com um limite mínimo de 15 vagas entre 62 inscritos. É uma pena que esta subclasse esteja aos poucos sendo relegada a um segundo plano que não merecia. Para o próximo ano, também foi extinta a subcategoria LMP2 Pro-Am, deixando obrigatoriamente pilotos bronze competindo de Grã-Turismo em 2023.

A temporada terá sete etapas e a cereja do bolo, claro, é a edição dos 100 anos das 24h de Le Mans, marcada para 10 e 11 de junho.

Acompanhe no post como está a movimentação das equipes e pilotos, começando pela Hypercar.

Logicamente, a classe principal sofre uma revitalização imensa por conta do regulamento de convergência e além das já presentes Toyota, Peugeot e Glickenhaus, a classe Hypercar ganha muito com a volta da Ferrari após 50 anos aos protótipos com time oficial de fábrica, além da chegada dos LMDh de Porsche e Cadillac. Outros construtores como BMW, Lamborghini e Alpine se preparam com vistas a 2024.

A Toyota, única que correu os últimos dois anos na Hypercar, sabe que não pode dormir no ponto e virá com uma versão revisada do GR010 Hybrid enquanto o seu sucessor será projetado e desenvolvido ao longo de 2023 para estrear no ano seguinte. A equipe segue com os mesmos pilotos deste ano.

O inovador Peugeot 9X8 penou na parte de eletrônica e transmissão, mas quando pôde andar, mostrou potencial. Passou por extensivas sessões de treinos para otimizar as falhas sofridas e a única novidade para 2023 – que já chegou no Bahrein, na última etapa deste ano – é o suíço Nico Müller, que veio da Audi.

A AF Corse cuidará do running da nova Ferrari 499P, o projeto de Flavio Manzoni e Ferdinando Canizzo que começou a andar em julho deste ano e foi oficialmente apresentado em outubro. O modelo do construtor italiano já fez testes de resistência com duração de 24h e estará na prova de estreia em Sebring com dois carros, a exemplo das rivais já citadas. Contudo, ainda sem pilotos definidos – e tudo indica que estarão entre eles alguns dos nomes aqui inclusos: James Calado, Ale Pier Guidi, Miguel Molina, Antonio Fuoco, Antonio Giovinazzi, Alessio Rovera e Nicklas Nielsen.

A Glickenhaus confirmou um esforço para participar full season em 2023 com um único carro e terá de contratar novos nomes: Richard Westbrook e Pipo Derani, por exemplo, vão de Cadillac. O simpático construtor estadunidense vai ter somente um carro por conta de problemas financeiros. Uma pena: o modelo 007 LMH andou muito bem em Monza, onde podia ter vencido

Outras possibilidades de Hypercars são da Vanwall Vanderwell by Kolles, dependendo de homologação e também de problemas legais acerca dos direitos do nome de batismo do projeto- a equipe tem feito testes e até o campeão mundial de F1, da Indy 500 e da Indy Jacques Villeneuve guiou o bólido com motor Gibson 4,5 litros V8, além da Isotta Fraschini, que vem dispendendo esforços para iniciar sua campanha pelo menos a partir da 3ª etapa em Spa-Francorchamps. 

O diretor do projeto da marca italiana, Claudio Berro, confirma que tudo tem sido feito para fazer o projeto andar – o carro terá motor 3 litros V6 desenvolvido em parceria entre a HWA e a Michelotto, mais sistemas híbridos e câmbio XTrac. O modelo, já conhecido como Tipo 6 LMH-C, já passou por testes de túnel de vento com um ‘mock up’ e deverá ficar sob os cuidados de uma escuderia ainda não definida – o anúncio dessa parceira é, contudo, iminente.

Dentre os novos Hypercars, a Porsche é o fabricante com mais presenças – haverá quatro 963 LMDh, mas somente os dois sob os cuidados da Penske estarão no grid na abertura do campeonato e os modelos das clientes Hertz Team Jota e Proton Competition, em abril.

A Porsche anunciou na sua Noite dos Campeões, uma semana antes do Natal, seu lineup de pilotos, cabendo o carro #5 a Dane Cameron, Michael Christensen e Fred Makowiecki, enquanto o #6 terá Laurens Vanthoor, Kévin Estre e André Lotterer.

A Jota fechou com Yifei Ye para compor trio com Antônio Félix da Costa e Will Stevens, enquanto a Proton Competition segue silenciosa em seus planos para o próximo ano.

O único Cadillac full season será o V-LMDh com motor V8 aspirado 5,5 litros mais sistema híbrido padrão Bosch/Williams/XTrac entregue a Earl Bamber/Alex Lynn/Richard Westbrook. Haverá ainda o carro da AX Racing competindo como convidado nas 24h de Le Mans.

Total:

1000 Milhas de Sebring: 10-11 carros
A partir de abril: 12-14 carros
24h de Le Mans: 13 -15 carros

Na subclasse LMP2, o panorama de equipes até o momento contempla, com a saída das escuderias Ultimate, ARC Team Bratislava, Algarve Pro Racing e AF Corse (por conta do fim da subdivisão Pro-Am), além da Richard Mille Racing – esta última deixou de existir – possivelmente de 10 a 11 carros participantes.

A United Autosports praticamente fechou seu lineup para 2023: recebe dos EUA Tom Blomqvist, campeão do IMSA com Oliver Jarvis, mas o britânico de ascendência sueca não poderá fazer todas as etapas e Giedo Van der Garde será seu ‘super sub’. Da mesma forma, Ben Hanley já assinou para andar no outro carro no lugar de Filipe Albuquerque e, para tristeza do piloto e da torcida local, ele não poderá competir em Portimão porque a prioridade será o compromisso com a Acura em Long Beach. Os demais pilotos fechados são Josh Pierson e Phil Hanson.

A Jota fica para 2023 com um único protótipo LMP2, possivelmente com o cliente mexicano Roberto Gonzalez e dois novos colegas de esquadra. Outras duas equipes que pretendem manter esquemas com um único Oreca 07 Gibson na próxima temporada são a Vector Sport e a Inter Europol Competition, ainda sem planos totalmente concretos.

Três escuderias encaram a LMP2 como preparação para 2024: a WRT será a equipe cliente da BMW no FIA WEC e o time de Baudour provavelmente repetirá o esquema deste ano, com um possível carro extra nas 24h de Le Mans.

A Prema deve dobrar a aposta – é comentado sobre, mas não é ainda oficial – e a francesinha Doriane Pin está no páreo por uma das vagas de titular. A equipe de Angelo e René Rosin será parceira tecnológica da Iron Lynx no running dos Lamborghini LMDh que serão montados em chassis Ligier.

E numa escolha tão lógica quanto ó´bvia, a Signatech Alpine ‘desce’ para a LMP2 ante a impossibilidade de seguir na Hypercar com seu defasadíssimo LMP1 projetado em 2018 – que na verdade é um Oreca 07 com reforços de suspensão e dimensões ligeiramente maiores de largura e comprimento. O time deverá ter dois protótipos em 2023 sob seu nome e não mais em parceria com a Richard Mille Racing.

Total:

10-11 carros full season

Na LMGTE-AM, estarão presentes quatro construtores no último ano de existência da divisão com o regulamento vigente de carros homologados até 2022, porque a partir de 2024 entram em cena os GT3 idênticos aos de muitos campeonatos mundo afora.

Quis o destino que a Corvette Racing venha a se juntar a esta subclasse somente agora, no último ano da divisão, porque senão o C8.R ficaria sem serventia alguma e o estadunidense Ben Keating, com exceção à BMW, terá guiado carros de TODOS os outros fabricantes envolvidos com este regulamento. O carro da Keating Motorsports-Corvette Racing terá ainda o holandês Nicky Catsburg e um piloto de graduação prata obrigatório. A equipe testou o argentino Nicolás Varrone e também Axcil Jefferies, do Zimbábue. A escolha será em breve.

A Aston Martin será representada por duas a três escuderias em 2023, com possíveis quatro carros no plantel: a TF Sport de Tom Ferrier seguirá a bordo e novamente dará suporte à organização oriental D’Station Racing, enquanto Paul Dalla Lana continuará como cliente da marca de Gatwick via NorthWest AMR.

A novidade do grid deve vir dos EUA, com Ian James levando a The Heart of Racing para o Mundial, visando a passagem ao grid da LMGT3 em 2024. Segundo fontes internacionais, um pedido de inscrição foi solicitado ao comitê de seleção do ACO e da FIA.

A ver…

Com relação às Ferrari, fica claro que a Iron Lynx deixa de ser parte do elenco de clientes do construtor de Maranello e não se sabe ainda quantos carros a AF Corse e seu braço suíço, Spirit of Race, poderão alinhar – especula-se que dois ou três: um deles seria do cliente Thomas Flöhr e há a chance de um deles ter a francesa Lilou Wadoux no próximo ano. A participação de organizações como a CarGuy do japão e da suíça Kessel Racing, em separado e/ou em parceria, dependerá muito da alocação de vagas do WEC em 2023 e do comitê de seleção ACO/FIA.

Sendo assim, a Porsche é quem terá a maior cartela de clientes na LMGTE-AM, com especulados sete carros.

A Proton Competition vai trabalhar em dobro: terá seus dois 911 RSR-19 como de hábito e dará suporte à Iron Lynx no próximo ano. No esquema do time de Ummendorf, os pilotos bronze serão o ator de Hollywood Michael Fassbender e no outro carro, o patrão-piloto-engenheiro-recordista de provas do WEC Christian Ried.

Na Iron Lynx, que também deve disputar o ELMS, um dos carros será das Iron Dames e o segundo Porsche será do bronze Claudio Schiavoni e pilotos a definir.

A escuderia alemã Team Project 1 repete a dose em 2023 alinhando novamente dois 911 RSR-19 e é sabido que a parceria com a Inception Racing de Brendan Iribe não se repetirá no próximo ano. Por fim, a GR Racing seguirá firme com Michael Wainwright e parceiros.

Total: 

14-17 carros full season

Comentários

  • Uma dúvida que eu tenho quanto ao sempre presente nas especulações Kolles é a seguinte: Eles não poderiam se registrar no campeonato com um nome próprio de construtor, já que estão até construindo versões de rua de seu LMH? O regulamento exige que seja um construtor que já tenha vendido carros, é isso?