FIA WEC 2023: recorde de participantes e Hypercar com 13 carros

RIO DE JANEIRO – A nova “Era de Ouro” do Mundial de Endurance, segundo muitos, começa com força total: a temporada 2023 do FIA WEC teve hoje, dia 11 de janeiro, a lista de inscritos divulgada pela Le Mans Endurance Management (LMEM), o braço do Comitê de Endurance da FIA, que coorganiza a competição em parceria com o Automobile Club de l’Ouest (ACO).

Mesmo com a série perdendo a LMGTE-PRO, o brilho da competição não fica opaco – muito pelo contrário: a chegada de Porsche, Ferrari e Cadillac à divisão principal, aliada a novidades e a permanência de outros times, deixa o panorama promissor – e esperem só por 2024, quando prometem chegar BMW, Lamborghini e Alpine…

O Comitê de Endurance anunciou hoje 38 carros nas três classes participantes. Serão 13 protótipos Hypercar, onze LMP2 e 14 LMGTE-AM, no ano de despedida do atual regulamento técnico – que em 2024 dará lugar á LMGT3. E dizem à boca pequena que a LMP2 trilhará o mesmo caminho pelo menos no WEC – mas tendo uma ‘reserva de mercado’ para Le Mans, com no mínimo 15 vagas.

A Hypercar tem pela primeira vez os carros enquadrados no regulamento de convergência ACO/FIA e IMSA, os chamados LMDh – e Cadillac e Porsche são os primeiros no certame internacional. A grande novidade para 2023 é a volta da equipe operada por Colin Kolles com o nome Vanwall, resolvidos os problemas acerca dos direitos sob a nomenclatura do primeiro construtor campeão mundial de Fórmula 1 em 1958.

O modelo Vanwall Vanderwell 680 com motor Gibson V8 aspirado 4,5 litros e sem sistemas híbridos terá ninguém menos que Jacques Villeneuve a bordo: o canadense de 51 anos, campeão da Indy 500 e da Fórmula Indy em 1995 e também da Fórmula 1 em 1997, recebeu o aval da FIA para se manter na graduação Platina – mesmo tendo passado dos 50. Ele terá como parceiros o argentino Estebán Guerrieri, antigo piloto do WTCR e o francês Tom Dillmann. Juntos, Guerrieri e Tom tocaram vários dos testes desse modelo.

A Isotta Fraschini, entretanto, não foi selecionada: a Vector Sport de Gary Holland, que assumiu a operação da estrutura, chiou um bocado. O construtor italiano de origem centenária, cujo carro foi inclusive concebido pela Michelotto, tenta trabalhar para fazer parte do plantel das 24h de Le Mans ou, então, buscar a oportunidade de estrear no segundo semestre a partir de Monza. Será, entretanto, uma tarefa das mais difíceis – assim como a da Toyota em defender os títulos dos últimos anos, porque finalmente haverá – espera-se! – competição à altura e mais players no páreo.

No mais, cabe lembrar que dos 13 inscritos na Hypercar, dois não vão a Sebring por falta de peças para a montagem de seus carros: o Hertz Team Jota e a Proton Competition, ambas com o 963 LMDh, só debutam em abril por ocasião da etapa de Portimão.

A subclasse LMP2 reúne em 2023 um total de onze carros e sete escuderias. A Jota será – com a defecção do projeto Isotta Fraschini-Vector Sport – a única escuderia do WEC com carros nas duas classes de Protótipos, mas não a única em duas divisões, já que a AF Corse e a Proton Competition dividir-se-ão em Hypercars e LMGTE-AM.

Dois brasileiros estão confirmados nessa classe: Pietro Fittipaldi na Jota junto a Oliver Rasmussen e David Heinemeier-Hänsson, ambos dinamarqueses, além de André Negrão, que foi confirmado no #35 da Alpine – a marca francesa do grupo Renault retorna para se preparar rumo à volta para a turma principal em 2024 com seu LMDh baseado no chassis Oreca. Negrão tem duas vitórias nas 24h de Le Mans na LMP2 e foi campeão do mundo na temporada bienal 2018/19.

Entre os novos nomes da divisão no WEC estão o da “Rocket Pocket” francesa Doriane Pin, além de Juan Manuel Correa, ambos na Prema Orlen Team. A maioria dos já confirmados ou  esteve noutras subclasses ou teve seus contratos renovados para este ano.

Na LMGTE-AM e seu último campeonato, estarão presentes os quatro construtores hoje com carros andando dentro do regulamento: Aston Martin com três carros, Corvette com um único inscrito, Ferrari com quatro e Porsche com seis.

O construtor de Weissach será representado pelas equipes Team Project 1 – AO Racing, GR Racing, Dempsey-Proton, Proton Competition, Iron Lynx e Iron Dames – estas duas últimas eram clientes Ferrari e farão este ano no WEC com o suporte técnico da Proton Competition. As Iron Dames inclusive são as mesmas de grande parte do ano de 2022 – Rahel Frey, Sarah Bovy e Michelle Gätting.

Uma quinta presença feminina é aguardada: Lilou Wadoux deve andar numa das três Ferrari da AF Corse, provavelmente na #83. A #21 tem trio completo com a chegada de dois novatos – Stefano Costantini e o belga Ulysse de Pauw – e falta uma vaga na #54.

O quarto carro do construtor de Maranello é uma associação entre a CarGuy do Japão e a Kessel Racing, liderado pelo experiente brasileiro Daniel Serra, de 38 anos. Piloto oficial da marca italiana, o tricampeão da Stock Car terá como parceiros o japonês Takeshi Kimura e o piloto de graduação prata Scott Huffaker, de 23 anos, novato no WEC.

Ben Keating quase terá completado o “bingo” da LMGTE – com exceção às BMW, o texano terá guiado todos os carros desde a homologação deste regulamento. Ele e Nicky Catsburg são os únicos pilotos do também único Corvette aguardado na LMGTE-AM.

A Aston Martin será mais uma vez representada pela NorthWest AMR do cliente Paul Dalla Lana, pela D’Station Racing do Japão – com assistência da TF Sport – e a equipe de Tom Ferrier estará associada à Oman Racing Team, estreando Ahmad Al Harthy, o ianque Michael Dinan e Casper Stevenson, este no carro #777.

A temporada de sete etapas do Mundial de Endurance começa com o Prólogo dias 11 e 12 de março e a primeira corrida será numa sexta-feira, as 1000 Milhas de Sebring. Em abril, haverá etapas em Portimão e Spa, com a disputa da edição dos 100 anos das 24h de Le Mans marcada para 10 e 11 de junho.

A seguir, virá a etapa de Monza no mês de julho, as 6h de Fuji em setembro e as 8h do Bahrein em novembro. O ano de 2023 marca a primeira temporada desde o campeonato bienal 2019-20 com mais de seis provas.

Comentários

  • Caro Rodrigo, inicailmente um Feliz e Próspero 2023!
    Como sempre seus textos são muito bons.
    Dá uma certa tristeza o final da LMGTE, mas vida que segue, ao longo da história do endurance muita coisa mudou. Espero que não matem a P2, pois o tiro pode sair pela culatra.
    Você falou em Daniel Serra no campeonato? É isso mesmo? Pelas falas dele tempos atrás, achei que não iria se envolver no campeonato inteiro, apenas as provas longas do IMSA.
    Abraço!