Com dobradinha nas 6h de Fuji, Toyota fatura 6º título na história do FIA WEC


SÃO PAULO - Deu, aparentemente, a lógica: favorita, a Toyota triunfou em casa na disputa das 6h de Fuji, penúltima etapa da temporada 2023 do FIA WEC, o Mundial de Endurance. Com a dobradinha de seus dois Hypercar GR010 Hybrid, a marca levou também o sexto título entre os construtores - o quinto seguido, este de forma 'inesperada', segundo a própria equipe. Até o piloto e Team Principal Kamui Kobayashi ficou surpreso com a notícia após a corrida.

Com 178 pontos e 39 em disputa na última etapa no Bahrein, a Toyota chegou a quarenta de vantagem em relação à vice-líder Ferrari. Sendo assim, não pode mais ser alcançada pelos italianos, únicos que ainda poderiam levar a decisão para o dia 4 de novembro.

Mas o Mundial entre os pilotos segue em aberto: a trinca vencedora formada por Mike Conway/Kamui Kobayashi/José María López alcançou 118 pontos com o terceiro triunfo em 2023, chegando a 15 pontos de desvantagem para Sébastien Buemi/Ryo Hirakawa/Brendon Hartley. As trincas da Ferrari-AF Corse, com 102 (Alessandro Pier Guidi/Antonio Giovinazzi/James Calado) e 97 (Antonio Fuoco/Nicklas Nielsen/Miguel Molina) respectivamente, ainda têm chances matemáticas conquanto retóricas de título.

Aliás, a Ferrari nem de longe foi a principal adversária da Toyota neste domingo. Quem surpreendeu foi a Porsche, com o carro #6 do Team Penske fazendo uma ótima largada graças a Laurens Vanthoor e depois uma estratégia diferenciada fazendo o chamado 'undercut' sobre os adversários para seguir ponteando e dando trabalho aos orientais, que no primeiro stint cortaram um dobrado para superar a velocidade das Ferrari 499P.

Mesmo quando Kévin Estre assumiu o volante do carro da Penske, a liderança da casa de Weissach seguiu firme - e durou incríveis 128 voltas, mesmo com a enorme pressão dos pilotos da Toyota, primeiro López e depois Hirakawa, que com uma pilotagem exemplar salvava mais combustível em relação aos adversários. Eventualmente o #8 pegou a ponta e depois o #7, com Kobayashi já no cockpit, venceu com 39"119 de diferença após 229 voltas percorridas.

O Porsche de Vanthoor, Estré e mais André Lotterer foi o único com ritmo de prova para terminar no mesmo giro dos vencedores, com as duas Ferrari em quarto e quinto e o Hertz Team Jota salvando um excelente 6º posto, mesmo com uma penalização aplicada após uma manobra infeliz do português Antonio Félix da Costa.

A Peugeot salvou um modesto sétimo posto, com seus dois 9X8 totalmente sem ritmo em relação às rivais. A Cadillac, em queda livre após a disputa das 24h de Le Mans, teve uma corrida desastrosa, com penalidades por abuso de track limits, falta de ritmo do V-Series.R e principalmente um pneu dianteiro esquerdo que se soltou da ponta de eixo - que também quebrou. Assim, o carro #2 foi apenas o décimo classificado, ficando atrás até do #99 da Proton Competition - que visitou as garagens duas vezes durante a corrida de Fuji (perdendo pouco mais de 11min), mesmo após um primeiro turno fantástico do britânico Harry Tincknell.

O Vanwall de João Paulo de Oliveira/Tristan Vautier/Estebán Guerrieri chegou inclusive a figurar na zona de pontuação, mesmo sem ritmo algum contra os principais Hypercars. Mas um problema técnico relegou o carro #4 a uma longa parada de pouco mais de 17min, levando o trio a figurar em 22º na geral e décimo-primeiro na classe, sem somar pontos dessa forma.



Entre os protótipos LMP2, a batalha pela vitória foi monopolizada entre o Team WRT e a United Autosports, que se revezaram ao longo da disputa pela liderança. Ganhou o time de Baudour com o #41 de Louis Déletraz/Rui Andrade/Robert Kubica percorrendo 219 voltas. Na autonomia de combustível, a trinca conseguiu derrotar Filipe Albuquerque/Phil Hanson/Frederick Lubin. O último lugar do pódio coube a Robin Frijns/Ferdinand von Habsburg/Sean Gelael.

Com o resultado de Fuji, aliado ao apagado desempenho de Albert Costa Balboa/Fabio Scherer/Kuba Smiechowski, que terminaram na 9ª colocação no Japão, a trinca líder chegou a 135 pontos - 33 à frente dos rivais da Inter Europol Competition e 34 a mais que Lubin e Hanson, os únicos do #22 que fizeram todo o campeonato e por isso ainda reúnem chances de título.

A Jota foi prejudicada pelo "fogo amigo" do toque entre Antonio Félix da Costa e David Heinemeier-Hänsson, que jogou o carro #28 ao penúltimo posto da classe. Depois, com uma estratégia de paradas fora da janela, Pietro Fittipaldi alcançou o segundo lugar com ótimo ritmo - mas a chama se apagou com a entrada de Oli Rasmussen. No fim, o trio ainda salvou a sexta posição e com o resultado da etapa, caíram para 8º na tabela com 61 pontos.

André Negrão pouco ou nada pôde fazer com o carro da Alpine em Fuji. O #35 que dividiu com Memo Rojas Jr. e Olli Caldwell teve mais uma performance infeliz e o resultado foi um triste 21º lugar geral, último na classe - sem pontos somados - e a três voltas dos vencedores. André definitivamente quer que esse pesadelo termine para sentar a bota no Hypercar A424B do construtor francês para o ano de 2024.



Já com o título definido desde Monza, a LMGTE-AM foi entretenimento purinho em Fuji, com grandes disputas e ótimos momentos na pista. Pelo resultado de prova, dobradinha das 488 GTE EVO da Ferrari, com vitória de Thomas Flöhr/Francesco Castellacci/Davide Rigon - aliás, a primeira vitória de Flöhr e Castellacci no WEC fora seis anos antes, lá mesmo no Japão e o jejum perdurava desde então (o parceiro deles na ocasião foi Miguel Molina) - e o #57 guiado por Ritomo Miyata - o substituto de última hora de Daniel Serra - Scott Huffaker e Takeshi Kimura - chegou em segundo, mas acabou punido com acréscimo de tempo de 10seg porque não respeitou o procedimento de FCY faltando pouco mais de 20min para o final.

Assim, os já campeões Nico Varrone/Ben Keating/Nicky Catsburg foram alçados ao 2º posto, ampliando o total do trio da Corvette Racing para 164.

Incrivelmente, há chances de vice-campeonato para sete formações diferentes que ocupam de segundo a oitavo na classificação: as Iron Dames encabeçam a lista com 79 pontos, seguidas por Rigon, Castellacci e Flöhr com 73, Christian Ried/Julien Andlauer/Mikkel O. Pedersen com 68, Ahmad Al Harthy/Charlie Eastwood/Michael Dinan com 65, Ben Barker/Michael Wainwright/Riccardo Pera com 58, Luis Pérez-Companc/Lilou Wadoux/Alessio Rovera com 53 e até Scott Huffaker e Takeshi Kimura, que somam 43 - todos os incluídos têm chances matemáticas de alcançar o vice-campeonato da última temporada da classe de Grã-Turismo a ser substituída pela LMP3 em 2024.

Comentários