FIA WEC: após dois meses, temporada volta com 36 carros nas 6h de Fuji


RIO DE JANEIRO - Fim da espera: após dois meses, a temporada 2023 do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC) retorna neste fim de semana com a disputa da penúltima etapa - as 6h de Fuji acontecem na madrugada de sábado para domingo e será na pista de propriedade da Toyota que saberemos os rumos da competição nas classes Hypercar e LMP2, já que o título da LMGTE-AM está decidido desde Monza.

Um total de 36 carros foi anunciado para a sexta prova do calendário, com a ausência da Glickenhaus confirmada por falta de condições financeiras. Também a Proton Competition, por conta da operação do seu Porsche Hypercar, optou por não levar o carro #88 visto na LMGTE-AM nas corridas até Le Mans.

Dessa forma, o grid será composto por 23 Esporte-Protótipos, sendo 12 Hypercar e 11 LMP2, além de 13 LMGTE-AM. A lista final com os 108 pilotos confirmados foi divulgada no último dia 24 de agosto.

Na Hypercar, a única novidade é o retorno de Stoffel Vandoorne ao FIA WEC. Reserva da Aston Martin na Fórmula 1 e piloto da DS Penske na Fórmula E, o belga de 31 anos entra no carro #94 da equipe Peugeot TotalEnergies no lugar do helvético Nico Müller, que sofreu uma lesão numa clavícula e não está fisicamente apto. Será a nona aparição de Vandoorne na categoria e a primeira na classe principal desde as 24h de Le Mans de 2019, quando defendeu a SMP Racing. Há dois anos, ele foi da Jota na LMP2 e terminou o campeonato como vice-campeão da categoria junto a Sean Gelael e Tom Blomqvist.

Na pontuação, a briga segue em aberto entre as tripulações da Toyota Gazoo Racing e um dos trios da Ferrari-AF Corse. Sébastien Buemi, Brendon Hartley e Ryo Hirakawa, com o 6º lugar em Monza, chegaram a 115 pontos - 23 a mais que os colegas de equipe e rivais Mike Conway, José María López e Kamui Kobayashi, que têm o mesmo total dos vencedores das 24h de Le Mans, James Calado, Ale Pier Guidi e Antonio Giovinazzi.

Correndo por fora, Miguel Molina, Antonio Fuoco e Nicklas Nielsen têm 85 e estão em quarto lugar. Com 65 pontos em jogo nas duas últimas provas, ainda há chances - retóricas, é verdade - para o trio da segunda Ferrari 499P.

De acordo com o BoP já projetado para a etapa oriental, Peugeot e Vanwall serão os únicos modelos da Hypercar a poder trabalhar na potência limite de 520 kW (707 CV). Porsche e Toyota vão com 514 kW (aproximadamente 699 CV) e tanto Cadillac quanto Ferrari terão o menor valor auferido - 505 kW (cerca de 686 CV). 

Com 13 cavalos a menos que a rival, a Ferrari terá outro problema para administrar em Fuji. Um carro com 12 kg a mais de peso mínimo - 1076 kg - em que pese a Toyota estar com 1080 kg, inclusive desde Monza. Os Porsche 963 LMDh têm um acréscimo de 6 kg no peso mínimo, enquanto Peugeot e Cadillac sofreram uma 'dieta' de quatro e sete quilos, respectivamente.

E não só isso: à exceção do Vanwall, o único protótipo Hypercar sem sistema híbrido presente no grid em Fuji, a alocação dos MJ/stint a ser dispendida pelos carros prevê que todos percam em relação ao evento anterior. Cadillac, mais do que todos, com 11 MJ/stint a menos - Porsche com quatro, Ferrari com três MJ/stint a menos que em Monza, Peugeot e Toyota com um a menos, inclusive ambas tendo a maior alocação de energia: 907 MJ/stint. Ferrari, Peugeot e Toyota ganham 1.2 segundo na vazão do reabastecimento de combustível.

Cabe lembrar que a pista de Fuji, ao sopé das montanhas do mesmo nome na região de Oyama, na província de Shizuoka, tem extensão de apenas 4,563 km e uma reta que responde por praticamente 30% do traçado, com quase 1,6 km feitos em pé cravado. A maioria das 16 curvas é de média para baixa velocidade e o tráfego dos LMGTE-AM sempre será um fator a se considerar no miolo do circuito.

O panorama da LMP2 após Monza apresenta liderança de Rui Andrade, Louis Déletraz e Robert Kubica (Team WRT) somando 110 pontos, dez a mais que Fabio Scherer, Kuba Smiechowski e Albert Costa Balboa, da Inter Europol Competition. Com chances, seguem Phil Hanson e Frederick Lubin (United Autosports) com 82 e ainda Oliver Jarvis e Josh Pierson, também da United, com 73.

Para esta etapa, Tom Blomqvist é o único indisponível por conta da última etapa da Fórmula Indy, que acontece exatamente no mesmo fim de semana em Laguna Seca, na Califórnia. Em seu lugar no #23 corre o "Super Sub" Ben Hanley, que andou no #22 em Monza na vaga de Filipe Albuquerque - este, de regresso ao campeonato no Japão.

Os brasileiros vêm em situação oposta para a corrida de Fuji: Pietro Fittipaldi, muito otimista e motivado após o triunfo nas 6h de Monza junto a Oli Rasmussen e David Heinemeier-Hänsson, resultado que os deixou em 7º na classificação com 53 pontos. Pelos lados da Alpine - que aliás iniciou os primeiros testes do modelo A424B que marca o retorno da marca de Dieppe à Hypercar, a temporada de André Negrão é um contraste tremendo com a do segundo carro, que foi ao pódio em Monza e marcou bons pontos em Le Mans. O campeão da LMP2 em 2018/19 está em 17º lugar apenas na tabela, somando 21 pontos junto a Oli Caldwell e Memo Rojas.

Entre os LMGTE-AM, cujo plantel tem o único Corvette C8.R além de três Aston Martin Vantage AMR, quatro Ferrari 488 GTE EVO e cinco Porsche 911 RSR-19, com o título já definido em favor de Ben Keating, Nico Varrone e Nicky Catsburg, a atenção se volta ao duelo pelo vice-campeonato entre as Iron Dames, a ORT by TF Sport e a tripulação da Dempsey-Proton Racing vencedora da classe em Monza.

A trinca das meninas Sarah Bovy, Michelle Gätting e Rahel Frey conta com dois pontos apenas de frente sobre Michael Dinan, Ahmad Al Harthy e Charlie Eastwood e sete a mais que Julien Andlauer, Christian Ried e Mikkel O. Pedersen. 

Ainda de olho no vice, pois há 65 pontos em jogo, estão Ben Barker, Riccardo Pera e Michael Wainwright (GR Racing), Luis Pérez-Companc, Lilou Wadoux e Alessio Rovera (Richard Mille AF Corse) e também Francesco Castellacci, Thomas Flöhr e Davide Rigon (AF Corse), estes últimos numa escala menor de possibilidades.

Daniel Serra retorna ao campeonato em Fuji após a ausência em Monza, disposto a ajudar a Kessel Racing, patrocinada pela CarGuy do "boss" Takeshi Kimura, a ter um resultado digno na corrida, digamos 'caseira', da escuderia. Após o pódio em Sebring, as coisas não correram bem nas demais etapas e os pilotos, já sem chance nenhuma na classificação, só aspiram sair do 10º posto, com 28 pontos.

Além de Kimura, Satoshi Hoshino e Tomonobu Fujii - estes dois de carro reconstruído após a "panca" sofrida em Monza - têm companhia na LMGTE-AM de mais pilotos locais, sem contar Kamui Kobayashi e Ryo Hirakawa na Toyota. É que o #21 da AF Corse contará com a participação de Kei Cozzolino no posto de Ulysse de Pauw e o estreante Hiroshi Koizumi, piloto bronze de 54 anos, faz sua estreia no FIA WEC em substituição a Julien Piguet. Coizumi é o quarto piloto gentleman driver a andar nesse carro, após Piguet, Diego Alessi e Stefano Costantini.

Nos treinos livres de sexta, os carros serão vistos de perto pelo chamado "Circuit Safari", onde uma comitiva de ônibus com 44 lugares cada faz a já tradicional imersão dentro do traçado, normalmente pelo lado externo da linha ideal do circuito. A primeira sessão será às 11h locais de sexta-feira (23h de quinta) e a previsão de todo o fim de semana, para surpresa de zero pessoas, é de tempo nublado com razoáveis chances de chuva.

Anotem os horários:

FP1 - 11h locais de sexta (23h de quinta - horário de Brasília)
FP2 - 15h30 locais de sexta (3h30 - horário de Brasília)
FP3 - 10h20 locais de sábado (22h20 de sexta - horário de Brasília)
Qualifying - a partir de 14h40 locais de sábado (2h40 - horário de Brasília)
Corrida - 11h locais de domingo (23h de sábado - horário de Brasília)

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