Quando a fase é boa…

IMSA WeatherTech SportsCar Championship
Chuva de papel picado, punho direito cerrado e sorriso escancarado pela feição do rosto debaixo do capacete: Harry Tincknell comemora a terceira vitória seguida da Mazda, que coloca um tempero a mais na série e revolta as equipes clientes da Cadillac na IMSA (Foto: Mike Levitt/IMSA)

RIO DE JANEIRO – … ninguém segura a Mazda. Depois que ganharam a primeira, tomaram gosto. Veio a segunda corrida com os carros do Team Joest no topo do pódio e, descontando o fato de que na etapa anterior em Lime Rock só correram os Grã-Turismo, eles queriam a terceira seguida.

E mesmo com as limitações do BoP, que tirou potência dos protótipos vermelhos, os Mazda DPi puseram outra vez água no chope da Penske, que era favorita à vitória depois do 1-2 no treino classificatório para o Road Race Showcase de Elkhart Lake neste domingo. A dupla Jonathan Bomarito/Harry Tincknell, que ganhou em Glen formando trinca com Olivier Pla, levou a vitória após 83 voltas e pouco mais de 2h41min de disputa, levando Bomarito ao terceiro lugar na classificação do campeonato.

A corrida deste domingo começou com o Acura Team Penske na frente com o #6 conduzido primeiro por Dane Cameron e depois por Juan Pablo Montoya, que liderou até a volta 37. Aí, o talento de Harry Tincknell (que já sucedera Jonathan Bomarito) fez a diferença e o inglês do #55 tirou do bolso do macacão uma ultrapassagem cinematográfica na difícil curva 1 de Road America. Talvez a mais bela ultrapassagem de toda a temporada até o momento.

A vitória da Mazda poderia ter tranquilamente acontecido em dobradinha, como visto anteriormente. Mas o #77 de Oliver Jarvis/Tristan Nunez perdeu demasiado tempo no último pit stop, o que foi decisivo para os rumos da disputa.

Em contrapartida, Cameron/Montoya voltaram à carga nos instantes finais e, com a ajuda do tráfego, conseguiram a aproximação. Foram cinco minutos e pouco mais de duas voltas de muito sufoco. E o Team Joest comemorou outra vitória, desta vez por apenas 0″227, uma das menores diferenças já aferidas neste ano.

No fim das contas, o segundo lugar não foi mau negócio para a dupla do carro #6, que segue líder do campeonato e com diferença de sete pontos (239 a 232) para Pipo Derani/Felipe Nasr – que acabaram em 4º lugar na corrida, totalmente limitados pela falta de ritmo dos Cadillac DPi. Tanto que fecharam a disputa a 1’16″250 dos vencedores.

“Não temos como lutar”, argumentou Pipo. “É um balde de água fria para os fãs e o público. Nós simplesmente não tínhamos ritmo. Quando foi a última vez que um Cadillac foi ao pódio? (N. do blog: foi em Detroit, com o 2º lugar justamente de Nasr e Derani, há dois meses) Como lutar contra os fatos? No BoP nos deram 20 kg extras e tivemos que ter cuidado para não estragar os pneus porque nos puseram mais peso e não mais potência. É inacreditável”, reclamou o brasileiro.

As queixas não vieram só dos lados da AX Racing. Jordan Taylor também não se mostrou contente com o 5º lugar conquistado junto a Renger Van der Zande, que não foi mau negócio depois que largaram de último entre os DPi após a troca dos pneus usados no qualy. “Qual a nossa motivação? Não é vencer? Faz sentido brigar pra ser 5º colocado?”, argumenta o piloto.

Mazda e Penske só não fizeram a limpa igual a Watkins Glen e Mosport porque o carro de Ricky Taylor e Hélio Castroneves precisou de uma parada não programada, que deixou os dois em 7º lugar ao fim da disputa. Com mais um resultado inesperado, eles estão em quarto na tabela a 17 pontos dos líderes. As chances de título de Helinho e de seu parceiro são cada vez mais remotas, lembrando que os protótipos só voltam na 11ª etapa, em Laguna Seca, na Califórnia.

A LMP2 teve pelo menos os dois Oreca 07 Gibson chegando ao final da corrida, com a PR1/Mathiasen Motorsports levando a melhor sobre a Performance Tech. Venceram Matthew McMurry e Patrick Kelly com meio minuto de vantagem sobre James French/Cameron Cassels. No campeonato, McMurry soma 200 pontos, cinco a mais que Cassels. A categoria igualmente volta à pista em Laguna Seca, a exemplo dos DPi.

IMSA WeatherTech SportsCar Championship
Vitória sem sustos para Richard Westbrook e Ryan Briscoe, a segunda consecutiva da Ford e da Chip Ganassi Racing na GTLM nesta temporada da IMSA (Foto: Rick Dole/IMSA)

Entre os GTLM, a Ford tornou a ocupar o topo do pódio com a dupla campeã da prova de Lime Rock. Se naquela oportunidade a estratégia deu o tom, em Road America uma sólida liderança desde o minuto 40 de prova fez o #67 de Ryan Briscoe/Richard Westbrook prevalecer na dobradinha com os colegas Joey Hand/Dirk Müller, que terminaram a pouco mais de 10 segundos do outro Ford GT EcoBoost da Chip Ganassi Racing.

Earl Bamber/Laurens Vanthoor chegaram num importante 3º lugar, que mantém a dupla do Porsche #912 cada vez mais firme na liderança, somando 248 pontos contra 234 de Nick Tandy/Patrick Pilet, que desta vez perderam uma volta e chegaram em sétimo na classe. Com problemas de consumo de combustível, Oliver Gavin/Tommy Milner – que largaram da pole, ficaram apenas em sexto, sendo Jan Magnussen/Antonio Garcia, os atuais campeões, os melhores da Corvette no resultado final com o quarto posto.

O BMW Team RLL não conseguiu ir além do 5º posto com Connor de Philippi/Tom Blomqvist, enquanto Jesse Krohn/John Edwards acabaram totalmente fora de contenção, por problemas de freios. A dupla do #24 perdeu cinco voltas em relação aos vencedores.

E quem também venceu de novo foi a Pfaff Motorsports: com Matt Campbell em lugar de Dennis Olsen, compondo a dupla com Zach Robichon, o Porsche #9 do time canadense derrotou o Lamborghini Huracán GT3 EVO da atual campeã Paul Miller Racing, num longo duelo entre eles e os pilotos Bryan Sellers/Corey Lewis, que durou até a última parada. Com uma estratégia perfeita, a Pfaff venceu com uma volta inteira de vantagem.

Pole position, a dupla Ben Keating/Jeroen Bleekemolen foi alijada da disputa devido à quebra de um braço de suspensão da Mercedes-AMG GT3. Mais um resultado ruim para a Riley Motorsports-AMG, que perdeu várias voltas para retornar ao traçado em penúltimo na divisão. O pódio foi completado pela BMW M6 GT3 de Robby Foley/Bill Auberlen, que superaram o Lexus de Richard Heistand/Jack Hawksworth.

O quinto lugar foi o máximo que Mario Farnbacher/Trent Hindman puderam alcançar, beneficiados por uma parada extra que tirou a Compass Racing do top 5 e de um possível ótimo resultado do McLaren 720S GT3. Com o resultado, a dupla da Meyer Shank Racing segue líder, mas a diferença baixou para 26 pontos (209 a 183), ainda restando as etapas do VIR, Laguna Seca e Petit Le Mans.

A brasileira Bia Figueiredo terminou em 13º lugar, mais uma vez dividindo o carro #57 da Heinricher Racing w/Meyer Shank Racing com a britânica Katherine Legge. Não foi uma pista propícia para o carro e elas, desde os treinos, não tiveram como brigar de igual pra igual. Levaram o Acura até o final, três voltas atrás dos vencedores – o que é muita coisa numa corrida de 2h40min e numa categoria tão equilibrada quanto a delas. Legge, que lutou ano passado pelo título até o fim, está em nono na tabela com 153 pontos. Bia ocupa o 12º lugar com 113.

A 10ª etapa será o Michelin GT Challenge, no VIR, em Alton – prova marcada para 25 de agosto, com participação apenas das classes GTLM e GTD. Corrida que deverá ter o retorno de Christina Nielsen no #57, já que Bia participará da Corrida do Milhão da Stock Car, no mesmo dia.

Comentários

  • Rodrigo o tal do BOP é complicado. A linha que separa esse “balanço” é muito tênue. O risco de se cometer erros é muito grande. É somente ver as últimas corridas!

  • Infelizmente só assisti a corrida via onboard pelo carro da PORSCHE, e ela continua na ponta também entre os fabricantes. FORÇA PORSCHEEEE!