IMSA 2023: 24h de Daytona terão 61 carros

RIO DE JANEIRO – Melhor, impossível: a abertura da temporada 2023 do IMSA Weathertech SportsCar Championship, além de marcar uma nova era para o Endurance com a adoção do regulamento de convergência ACO/FIA nas classes principais da série estadunidense, WEC e 24h de Le Mans, apresenta um grid espetacular para a 61ª edição das 24h de Daytona.

Marcada para o fim de semana de 28/29 de janeiro, a corrida da Flórida terá 61 carros de acordo com a lista divulgada durante a semana pela IMSA – já com alterações, pois uma escuderia, a Turner Motorsport, transferiu uma de suas BMW para a GTD Pro – apenas nas provas longas.

Assim, o plantel conta com nove modelos GTP, dez LMP2, nove LMP3, nove GTD Pro e 24 GTD.

Com quatro fabricantes envolvidos – Acura, BMW, Cadillac e Porsche – a nova fase da GTP com o regulamento LMDh adotado por todos os construtores dá um colorido imenso ao grid e uma expectativa incrível para o primeiro evento do ano, considerando que todos os carros são novos e apesar de muitos testes – só a Porsche andou 32 mil km – há o risco de falta de confiabilidade.

De acordo inclusive com o sempre temido BoP divulgado pela organização da série, todos os GTP sairão de uma base de 1030 kg de peso mínimo – sem combustível e piloto. A potência máxima está pré-estabelecida em 500 kW, equivalente a 670 cavalos. Os motores, com diferentes características de construção e estrutura, vão rodar assim: o Acura 2,4 litros biturbo poderá trabalhar com regime de até 9512 rpm; o 4 litros V8 turbo da BMW terá um limite de 8000 rpm; a Cadillac com seu DOHC V8 5,5 litros aspirado vai até 8800 rpm e o Porsche V8 4,6 litros turbo a 8158 rpm.

A tabela técnica tam´bem definiu que os quatro modelos trabalharão com 920 MJ/stint e a taxa de reposição de energia por stint está limitada a 23 MJ/segundo.

Claro que a IMSA poderá modificar o BoP antes das 24h de Daytona e, para isso, o ROAR Before The Rolex que começa na próxima sexta-feira (20) e vai até domingo (22) será um excelente parâmetro. Inclusive, no domingo não haverá a corrida classificatória como no ano passado: será feito o sistema normal de qualificação para definir o grid.

Isto posto, a Cadillac terá três carros no plantel e será o construtor com mais modelos na GTP em Daytona, uma vez que as duas equipes clientes da Porsche – JDC-Miller e Proton Competition, ambas inscritas em Daytona noutras divisões – só terão a montagem de seus 963 LMDh finalizada para abril.

A Cadillac vai com os dois carros da Ganassi (Cadillac Racing) incluindo o extra do WEC e também com a Whelen Engineering Racing-AX Racing, do brasileiro Luis Felipe “Pipo” Derani. Na Porsche, Felipe Nasr estará num dos carros da Penske Motorsports junto ao parceiro de todo o ano Matt Campbell, além do piloto do WEC Michael Christensen.

Augusto Farfus será titular do BMW M Hybrid V8 da equipe de Bobby Rahal, David Letterman e Mike Lanigan, tendo como colega de pilotagem durante todo o ano no #24 o austríaco Phillipp Eng. Em Daytona, esse carro terá o reforço de Marco Wittmann e de Colton Herta – inclusive escalado tam´bem no #25.

Herta não será o único piloto da Fórmula Indy na prova inaugural: haverá outros dez, incluindo o atual bicampeão das 24h de Daytona e quatro vezes vencedor da Indy 500 Helio Castroneves, escalado para todos os eventos de Endurance do ano no novo Acura ARX-06C da Meyer-Shank Racing, equipe atual campeã da série e que tem como novidade a chegada de Colin Braun para dividir o assento com Tom Blomqvist.

E não nos esqueçamos da lenda Scott Dixon, inscrito no #01 da Cadillac Racing junto a Sébastien Bourdais – que não é mais titular naquela categoria desde 2021 – e ao holandês Renger Van der Zande.

Na subclasse LMP2, cujo regulamento é Pro-Am, com a obrigatoriedade de pelo menos um piloto bronze nas formações que têm em Daytona quatro pilotos por carro, a prova vale somente para o Michelin Endurance Cup.

Dos dez carros do plantel mais fornido entre os Esporte-Protótipos, duas inscrições são apenas para as provas longas, a da Proton Competition é ‘pro-forma’ para deixar a equipe pronta quando seu Porsche chegar e as demais sete são full season, com alguns ótimos nomes espalhados pelos nove times confirmados – a TDS Racing será a única com dois carros.

Já na Tower Motorsports do atual campeão de pilotos John Farano, os “Bus Brothers” Scott McLaughlin e Josef Newgarden tornam ainda mais brilhante o pacote de pilotos da Indy, que tem ainda Devlin DeFrancesco inscrito na Rick Ware Racing, a equipe do brasileiro Pietro Fittipaldi e o holandês Rinus VeeKay, este no #11 da TDS Racing.

Os outros bons nomes do plantel são o antigo piloto de F1 Estebán Gutiérrez, os holandeses Giedo Van der Garde e Job Van Uitert, os experientes britânicos Ryan Dalziel e Oliver Jarvis, o jovem Josh Pierson, o italiano Gianmaria Bruni, o francês Paul-Loup Chatin, o suíço Raffaele Marciello e até membros da equipe Ferrari no WEC como Nicklas Nielsen.

Na LMP3, com quatro Duqueine M30-D08 e cinco Ligier JS P320 compondo o lote da classe que oferece pacote técnico igual – motor Nissan VK56DE 5,6 litros V8, câmbio X-Trac e pneus Michelin – a todos os competidores – apenas a AWA vai com dois carros e as demais escuderias inscritas, inclusa a Riley Motorsports que terá Felipe Fraga a bordo do #74, apenas um.

A JDC-Miller Motorsports deu seu jeito de não ficar fora das 24h de Daytona, trazendo para seu carro com o dorsal #85 os jovens Mason Filippi e Luca Mars, além do holandês Tijmen Van der Helm e o novo proprietário da Lola, o empresário britânico Till Bechtolsheimer.

A classe GTD Pro verá um total de oito construtores no lote com a chegada da BMW através da inscrição do #95 da Turner Motorsport, com a confirmação de John Edwards e Bruno Spengler junto ao experiente Bill Auberlen e ao novo parceiro deste, Chandler Hull. Além do construtor da Bavária, teremos Corvette, Porsche, Lexus, Ferrari – e a nova 296 GT3 – Aston Martin, única com dois carros inscritos, Lamborghini e Mercedes-AMG.

Desse total de carros, as inscrições 100% full season são da Corvette Racing, da campeã Pfaff Motorsports, da Vasser Sullivan, da The Heart of Racing e também da Weathertech Racing, carecendo a Risi Competizione de confirmação.

A Iron Lynx está inscrita no Michelin Endurance Cup e a BMW da Turner será revertida para GTD nos eventos Sprint. Apenas a – estranha – presença do Team TGM, que inscreve um Aston Martin em parceria com a TF Sport de Tom Ferrier destoa porque dois pilotos têm graduação prata, outros dois são bronze e um deles, Ted Giovanis, é o mais velho de todos os inscritos – 77 anos!

A presença brasileira é garantida com a inscrição de Daniel Serra junto a Davide Rigon e aos futuros pilotos Hypercar da Ferrari no WEC, Ale Pier Guidi e James Calado – é o mesmo quarteto que chegou em 2º na prova do ano passado.

Da Indy, vem Romain Grosjean, junto a Jordan Pepper, Marco Mapelli e Andrea Caldarelli: o franco-suíço assinou para todas as provas do Endurance Cup além de trabalhar nos testes e no desenvolvimento do Lamborghini LMDh que estreia em 2024.

Com mais de 20 equipes presentes em Daytona, a GTD tem um plantel muito mesclado com pilotos bastante experientes e outros, imprevisíveis. Nove construtores estão representados e a Porsche, com seis carros, terá o maior plantel, com a chegada da versão 992 do 911 GT3-R dotado de motor central-traseiro.

Dos 24 carros anunciados, somente o #19 da Iron Lynx será visto apenas e tão somente nas 24h de Daytona. Triarsi Competizione, Magnus Racing, MDK Motorsports, Sun Energy 1 e pelo menos um dos Porsche da KellyMoss-Riley Motorsports, além do Acura da Racers Edge Motorsports w/WTR-Andretti estarão com certeza no Endurance Cup, ainda sem confirmação se o empenho das Ferrari da Cetilar Racing e da AF Corse será full season.

Entre os pilotos anunciados, destaque para a presença de Kyle Kirkwood no #12 da Vasser Sullivan e de Will Power na Mercedes-AMG da equipe do também australiano Kenny Habul, inclusive tendo sido este o último carro confirmado, aumentando o total inicial de 60 inscritos para 61.

Quem também figurava na relação era o dinamarquês Kevin Magnussen, mas o piloto da Haas na Fórmula 1 – que dividiria o Porsche 911 (992) GT3-R da MDK Motorsports com o pai Jan, mais Mark Kvamme e Trenton Estep – passou a ser dúvida: K-Mag operou-se de um cisto num dos pulsos e dificilmente deve se recuperar para correr pela terceira vez ao lado do pai: eles dividiram um protótipo LMP2 nas 24h de Le Mans de 2021 e, no fim do ano passado, andaram juntos com Kvamme na disputa das 12h do Golfo, em Abu Dhabi.

Aliás, na lista completa, aparece um total de sete pilotas confirmadas para a etapa inaugural: as Iron Dames Doriane Pin, Rahel Frey, Michelle G¨atting e Sarah Bovy; as parceiras de ano completo Sheena Monk e Katherine Legge, mais Ashton Harrison. Todas elas vão correr em três inscrições diferentes com modelos Lamborghini e Acura na GTD.

Como o site da IMSA está fora do ar na publicação deste texto, não tenho como passar os horários exatos do ROAR Before The Rolex 24 para vocês. Vou ficar devendo essa.

Comentários

  • Maravilha Rodrigo!
    Acho curioso que nenhuma equipe do WEC com Hypercar se arrisque nessa prova. Seria um bom teste para o ano, considerando que o regulamento permite essa participação e, certamente, o IMSA ficaria muito feliz com isso.
    Será porque é muito dispendioso e não vale a pena, ou apenas medinho de dar vexame??

    • A Toyota não vai se defrontar com ninguém nos EUA até ela fazer a versão evoluída do seu carro. Peugeot e Ferrari não se sabe. Comenta-se da Risi ser cliente e receber uma 499P em 2024.