54 carros no grid das 12h de Sebring

RIO DE JANEIRO – Sábado (18) é dia de um clássico absoluto do Endurance mundial: vem aí a disputa das 12h de Sebring, cuja primeira edição data de 1950 – e desde então, só por duas vezes o evento não ocorreu, nos anos de 1951 e também em 1974, por conta da crise do petróleo.

Neste ano, a 2ª etapa do IMSA Weathertech SportsCar Championship e também do IMSA Michelin Endurance Cup recebe um total de 54 carros – sete a menos que o plantel visto na disputa das 24h de Daytona, novamente com as cinco categorias em ação. Serão 26 protótipos com oito GTP, mais oito LMP2 e 10 LMP3 e um total de 28 GTD, com a GTD Pro tendo oito inscrições e a subclasse mais numerosa do grid, a GTD, com 20.

Os dias que antecederam a disputa de Sebring foram sacudidos pelo escândalo da manipulação de dados da Meyer-Shank Racing durante a disputa das 24h de Daytona, sem a perda da vitória para efeito de resultado e nenhum prejuízo para os pilotos, que não deverão devolver os Rolex a que tiveram jus.

Porém, a IMSA pegou pesado com a equipe e não sem razão. O time de Ohio foi multado em US$ 50 mil, o engenheiro Ryan McCarthy (demitido depois pela equipe) foi suspenso por tempo indeterminado, além de perder as credenciais de paddock. Não obstante, dos 350 pontos que o carro #60 conquistou pelo triunfo na abertura da série, foram debitados 200 – e os pilotos e a equipe perderam TODOS os pontos do IMEC. Sendo assim, os titulares de toda a temporada, Colin Braun e Tom Blomqvist, estão em nono na tabela com 185 pontos, além de Helio Castroneves – que correrá os eventos de Endurance do time em 2023 – e Simon Pagenaud, inscrito só para Daytona.

Além disto, a Acura não gostou nadinha do escândalo. A Honda é parceira da MSR desde o início do desenvolvimento do NSX-GT3 que contou inclusive com a participação de Oswaldo “Ozz” Negri. A equipe procedeu a uma manipulação de dados de pressão de pneus da Michelin, a fornecedora exclusiva do campeonato, usando um psi abaixo do indicado – com isso, o protótipo ARX-06C LMDh conseguia atingir temperaturas mais adequadas e níveis de aderência melhores que as demais escuderias, um fator importante numa corrida com mudanças bruscas de temperatura do asfalto. A MSR emitiu nota oficial no dia em que a falcatrua foi revelada, assumindo toda a responsabilidade pelo episódio. A equipe está sob observação pela IMSA até 30 de junho.

Desta forma, a tripulação do #10 que chegou em 2º lugar em Daytona lidera o campeonato com Filipe Albuquerque e Ricky Taylor tendo a companhia de Louis Déletraz, que fará o “double duty” de Sebring com IMSA e WEC – e acredito não ser o único da listagem a fazê-lo. Eles têm 350 pontos contra 328 de Renger Van der Zande/Sébastien Bourdais/Scott Dixon, da Cadillac Racing (Ganassi) – aliás, a marca estadunidense procedeu a mudança do nome do seu LMDh para V-Series.R, a partir deste evento.

Na GTP, ainda seguem ausentes a JDC-Miller Motorsports e a Proton Competition, que seguem sem equipamento não-oficial entregue pela Porsche.

A classe LMP2 só não terá a presença dos times que tinham sido inscritos apenas para Daytona – a AF Corse e igualmente a Proton Competition, inclusive vencedora em Daytona na subclasse de protótipos. Em relação aos lineups de Daytona, como novidade teremos a estreia de Nolan Siegel no #04 da Crowdstrike Racing w/APR junto a George Kurtz e Ben Hanley, além da participação de Scott McLaughlin e Devlin DeFrancesco em mais uma etapa do campeonato.

Na LMP3, Fast MD Racing e MRS-GT não vão até Sebring, mas o plantel ganha a participação da Ave Motorsports e também da Jr III Motorsports – esta fora confirmada para estrear apenas nas 12h de Sebring, com Ari Balogh/Garett Grist/Dakota Dickerson. O veterano estoniano Tonis Kasemets, de 48 anos, lidera o carro #4 da Ave junto a Trenton Estep e Seth Lucas.

Outras novidades são a participação de Dan Goldburg no #85 da JDC-Miller, além de Robert Mau e Tristan Nunez confirmados no #38 da Performance Tech Motorsports junto a Christopher Allen. Com Dakota Dickerson chamado pela Jr III, o holandês Glen Van Berlo, que defendeu a Riley Motorsports em Daytona, acabou escolhido para dividir o #36 da Andretti com Jarrett Andretti e Gabby Chaves.

A GTD Pro também apresenta mudanças após Daytona. A MDK Motorsports decidiu não se apresentar por conta dos problemas de BoP do Porsche 991 (992) GT3-R, enquanto alguns lineups de pilotos têm ajustes: Franck Perera foi do #19 da GTD para o #63 no posto de Andrea Caldarelli, que servirá no WEC como piloto da Prema. Além disto, Gabriel Casagrande estreia na Ferrari 296 GT3 da Risi Competizione junto a Daniel Serra e Davide Rigon, justamente porque James Calado e Ale Pier Guidi estarão também em Sebring – mas pilotando nada menos que a 499P na estreia do Hypercar da Ferrari no WEC.

Na Vasser-Sullivan, Kyle Kirkwood assume o posto que foi de Mike Conway na abertura do campeonato, justamente porque o britânico estará exclusivo da Toyota no evento do WEC.

Já na GTD, as únicas exceções em relação às inscrições do evento inicial do ano ficam por conta do carro extra da Iron Lynx, da ausência da NTE Sport, que enfrentou várias quebras em Daytona e também do Mercedes da SunEnergy1 Racing, que após a abertura da IMSA foi disputar as duas primeiras rodadas do IGTC em Bathurst e Kyalami, ainda que com o suporte dos times Akkodis-ASP e SPS Automotive Performance. Nenhum dos fabricantes do plantel estará ausente do evento, mesmo a Porsche, após um BoP tremendamente desfavorável em Daytona.

Com relação ao boletim de equiparação de desempenho, todos os GTP receberam acréscimo de peso – porém, os Acura têm 1054 kg (24 a mais que o mínimo em Daytona), os Porsche 1048 kg (18 a mais), as BMW 1040 kg (10 a mais) e os Cadillac, únicos com motor aspirado, é bom lembrar, 1038 kg (oito a mais) – uma variação de 16 kg entre o GTP mais leve e o mais pesado com a correção do BoP.

A análise de dados também mudou a base de potência inicial dos motores, estipulada em 500 kw (670 HP) passando ao seguinte nível: Cadillac e BMW com 513 kW (aproximadamente 688 HP), Porsche com 517 kW (cerca de 693 HP) e Acura com 520 kW (próximo a 697 HP). Também a energia dispendida por stints sofre alterações, com o patamar dos Acura em 917 MJ/stint, Porsche com 912 MJ/stint, BMW e Cadillac com 905 MJ/stint, cada.

Com relação aos LMP2, o pacote técnico será o mesmo da abertura do campeonato, com peso mínimo de 950 kg para os protótipos, regime de rotações em 8500 rpm na sexta marcha, restritor do motor Gibson estipulado em 35 mm, tanque de combustível de 75 litros e duas opções de pacote aerodinâmico para o trem traseiro e dianteiro à livre escolha das equipes, mas ambas na configuração Sprint homologada pela FIA.

Os testes coletivos da IMSA pré-Sebring também determinaram a tabela do BoP para as classes GTD Pro e GTD, onde os Porsche Type 992 foram contemplados com um restritor de 38 mm, dando assim ao modelo alemão um ganho de potência significativo em relação a Daytona, onde a organização não perdoou o novo carro e deixou os clientes do fabricante de Weissach com carros muito lentos. A Ferrari 296 GT3 recebeu um incremento na pressão do turbo, mas o carro foi ‘engordado’ com 15 kg no peso mínimo, passando a incríveis 1380 kg.

Acura, Aston Martin, BMW, Corvette e Lexus tiveram decréscimo de 15 kg no peso mínimo em seus modelos. Os Mercedes-AMG GT3, em contrapartida, ganharam 15 kg de lastro. A Lamborghini mantém os 1320 kg mínimos dos seus Huracán EVO, mas com um restritor alargado em 2 mm (de 47 para 49), significando um ganho de potência para o modelo italiano.

Os treinos para a disputa das 12h de Sebring começam na quinta-feira, com três sessões livres incluindo uma atividade noturna – 11h10 às 12h40 (TL1), 16h50 às 18h20 (TL2) e 20h45 às 22h15 (TL3) – tudo já nos horários de Brasília, com o quarto treino livre somente para a GTP a partir de sexta-feira às 9h55 e a tomada de tempo começando 10h15. A corrida no sábado tem largada às 10h10 da Flórida (11h10 de Brasília).

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