Edição do Centenário: uma Le Mans para a história

RIO DE JANEIRO - Saiu na segunda-feira (27) a lista oficial de entradas da edição do Centenário das 24 Horas de Le Mans. O 91º Grande Prêmio de Endurance do Circuit de La Sarthe promete ser dos mais incríveis dos últimos anos. Não há mais ingressos - foram vendidos 300 mil bilhetes e a carga esgotou em janeiro - e a expectativa é imensa pelo confronto entre os Hypercars e LMDh na primeira edição da corrida com o regulamento de convergência FIA/ACO e IMSA.

Isto motivou o maior plantel da classe principal em Le Mans desde mais de 10 anos. Na edição de 2012, quando o WEC retomou seu curso após a extinção do Grupo C em 1992, foram 13 carros na lista de inscritos - dois Audi R18 e-tron Quattro, outros dois R18 Ultra sem sistema híbrido, dois Toyota TS030 Hybrid, dois Lola B12/60 Toyota, dois HPD ARX-03a com motor Honda, um Dome S102.5 Judd, um OAK Pescarolo 01 Judd e um Pescarolo 03 Judd - que era o malfadado Aston Martin AMR-One com adaptações.

Para a edição de 2023, do total de 62 carros anunciados, há 16 Hypercars com a participação de 12 dos 13 modelos confirmados full season para o WEC e a inscrição de quatro carros extras, sendo três da IMSA e mais um Glickenhaus.

Da IMSA, virão a Action Express via convite automático do ACO, além da Cadillac Racing (Chip Ganassi) e um terceiro carro do Team Penske. Isto posto, serão quatro Porsche 963 LMDh na pista - com a participação confirmada do Hertz Team Jota, que estreia seu novo carro em Spa-Francorchamps - e três Cadillac V-LMDh contra nove Hypercars, sendo seis com sistemas híbridos - Toyota, Peugeot e Ferrari (esta de volta à classe principal após meio século) e Vanwall e Glickenhaus com seus modelos sem baterias elétricas.

Pipo Derani foi anunciado para o carro #311 junto a Alexander Sims e Jack Aitken - o mesmo trio que correrá as provas de Endurance da IMSA, enquanto Felipe Nasr foi o único nome assegurado, por enquanto, na inscrição com o dorsal #75. 

Na LMP2, estão assegurados 24 carros - todos modelos Oreca 07 com motor Gibson GK428 4,2 litros V8. Haverá os onze inscritos oficiais do WEC, mais as equipes - exceto a Prema - que receberam os convites automáticos do ACO - e demais que atenderam ao chamado critério de fidelidade, completando o numeroso plantel de protótipos que fecha em 40 unidades, englobando também a Hypercar. Oito desses 24 carros são da subclasse Pro-Am, que foi escanteada no WEC, mas ainda cabe na IMSA, European Le Mans Series e Asian Le Mans Series, com um piloto bronze na tripulação.

São dois os brasileiros assegurados: Pietro Fittipaldi para sua segunda participação consecutiva via Jota e André Negrão com a Alpine Elf Team, tentando a terceira vitória no evento. O campeão da temporada bienal 2018/19 tem novos parceiros, porque a LMP2 obriga as trincas a ter pelo menos um piloto de graduação prata - normalmente quando não se inscreve um bronze. Desse modo, Oliver Caldwell e Memo Rojas Jr. são os colegas de André, enquanto Pietro e David Heinemeier-Hänsson, que o brasileiro já conhecia do ELMS, juntam-se a Oliver Rasmussen no carro #28.

O plantel da LMGTE-AM, no último ano da disputa da classe, contempla 21 inscrições, sendo as 14 regulares do Mundial, junto a cinco vagas de ofício preenchidas - a Iron Lynx não terá um carro extra - e duas por critério de fidelidade, entregues à JMW Motorsport e TF Sport, equipes do European Le Mans Series (a TF Sport também está no WEC com dois carros).

Serão oito Porsche 911 RSR-19, sete Ferrari 488 GTE EVO, cinco Aston Martin Vantage AMR e o único Corvette C8.R na derradeira temporada deste modelo. TF Sport, AF Corse e Proton Competition são as que aparecem com mais inscrições - três cada - mas o time de Ummendorf cuida não só do seu próprio running como dá assistência aos carros da Dempsey-Proton, Iron Lynx e Iron Dames. Somente GR Racing e Team Project 1 não têm o suporte da equipe dos Ried.

Além da AF Corse, Kessel Racing, JMW Motorsport e a Walkenhorst - que tentou, a sério, ressuscitar a BMW M8 GTE e não foi bem-sucedida no seu intento - completam o lote de times do construtor de Maranello, com Daniel Serra representando a fábrica no carro #57 da Kessel Racing-Car Guy, compondo a trinca ao lado do bronze obrigatório Takeshi Kimura e de Scott Huffaker - que na listagem aparece como Gregory Huffaker II.

A Aston Martin será representada também pela NorthWest AMR do fiel cliente Paul Dalla Lana e pela novata organização GMB Racing, que já se prepara para a transição de regulamento que visa a entrada da LMGT3 em 2023 com formações Pro-Am - inclusive, a tripulação do time dinamarquês tem dois pilotos de graduação prata e um bronze.

Impressiona igualmente o número de dinamarqueses confirmados na primeira relação - são dez oficialmente anunciados, mas esse número certamente será maior: para Sebring a Dempsey-Proton terá Mikkel O. Pedersen e a NorthWest AMR, Nicki Thiim. Fora Johnny e Conrad Laursen, que estão na lista de espera com a Formula Racing, sendo a sétima de uma lista de 10 inscrições com sete LMGTE-AM e três LMP2 com trios Pro-Am.

Além do Brasil, a América do Sul está representada pela Argentina com três pilotos (Nico Varrone, Estebán Guerrieri e José María López), Venezuela com Manuel Maldonado, Chile através do novato Nico Pino e, vá lá, o Equador, embora Juan Manuel Correa esteja com bandeira dos EUA. A Colômbia tem Juan Pablo Montoya e o filho Sebastian na segunda suplência junto a Henrik Hedman na inscrição da DragonSpeed, que neste ano retorna ao ELMS.

Last, but not least, o Garage 56 que corre sem direito a pontos, como aliás acontecerá com 24 dos outros 61 carros das três classes, já que são 37 dos inscritos full season do WEC correndo por pontuação dobrada, marca a primeira aparição de um carro da Nascar nas 24h de Le Mans desde 1976. O modelo Camaro ZL1 adaptado e exaustivamente testado há meses em vários circuitos terá o bicampeão de Le Mans Mike Rockenfeller, o campeão mundial de F1 em 2009 Jenson Button e a lenda da Nascar Jimmie Johnson a bordo.

É ou não é uma Le Mans de tirar o fôlego?