Toyota lidera prólogo do WEC em Sebring com dobradinha

RIO DE JANEIRO - A Toyota fez 1-2 no Prólogo do Mundial de Endurance (FIA WEC) neste fim de semana em Sebring. No teste coletivo com vistas à abertura da temporada a partir de 13h de sexta-feira pelo horário de Brasília, os 37 carros inscritos foram à pista estadunidense em quatro atividades de treino - duas de manhã e duas de tarde, no sábado e no domingo.

Logo pela manhã do primeiro dia, José María López fez a melhor volta em 1'48"208, somente oito milésimos abaixo de Brendon Hartley a bordo do GR010 Hybrid com o dorsal #8. Ao todo, o carro líder percorreu 286 giros - mais do que as 1000 Milhas previstas como distância estabelecida para a abertura da série. O carro dos atuais campeões mundiais completou 211 voltas - Hartley foi o que mais andou na Hypercar, num total de 112 voltas contra 104 de Mike Conway e 102 de Fred Makowiecki, da Porsche.

Entre as novas concorrentes do construtor oriental, a Cadillac saiu-se bem com seu único LMDh inscrito: Earl Bamber fez a melhor volta do TL2 de sábado e o carro #2 deixou o Prólogo com a 3ª marca - 1'48"429. O outro construtor que rodou nos treinos abaixo de 1'49" foi a Porsche, que fez 1'48"957 no melhor giro do #5 guiado pelo dinamarquês Michael Christensen.

O ritmo das novas Ferrari 499P ficou na casa de 1'49", com a melhor volta estabelecida por Nicklas Nielsen no #50 em 1'49"300. Antonio Giovinazzi virou em 1'49"573 na melhor passagem do carro com o dorsal #51 - que inclusive encerrou seus testes mais cedo por conta de um incidente - sem maiores consequências para o chassi do carro então guiado por James Calado. 

Já a Peugeot, que levou seu 9X8 pela primeira vez ao difícil circuito da Flórida, enfrentou problemas e embora tenham feito tempos relativamente decentes, em algumas sessões a falta de ritmo foi evidente - e cabe lembrar que um acidente com Jean-Eric Vergne no início da sessão da tarde de domingo também impediu uma melhor avaliação da performance. Mas, na média, os carros do construtor francês foram de um segundo a quase dois mais lentos que a Toyota no Prólogo.

Os Hypercar sem sistemas híbridos não puderam mostrar muito: o Vanwall Vanderwell andou até ok com Tom Dillmann, mas Jacques Villeneuve, que deu apenas 29 voltas, teve um ritmo assustadoramente alto - a melhor volta do antigo campeão de F1 foi apenas em 1'56"552, apanhando feio de TODOS os LMP2. Mas todos, MESMO. O Glickenhaus ficou a quase três segundos do melhor tempo - Ryan Briscoe marcou 1'51"173.

Na subclasse LMP2, entre os 12 presentes a United Autosports saiu-se melhor com Filipe Albuquerque a estabelecer 1'50"577, mais rápido que os dois piores Hypercar do lote e 0"250 melhor que o #41 da WRT guiado pelo polonês Robert Kubica.

A francesa Doriane Pin mostrou incrivel velocidade com o carro #63 da Prema - foi a terceira colocada do Prólogo com 1'50"860 - e a boa notícia foi o bom desempenho dos dois carros da JOTA - tanto o #48 que corre hors-concours e foi guiado por Yifei Ye no melhor tempo do Prólogo quanto o #28 do Mundial: Pietro Fittipaldi andou bem e fez 1'51" cravados após 104 voltas percorridas, com o melhor tempo dos três pilotos titulares. 

A sexta posição da classe ficou com o #31 da WRT, seguida pelo #36 da Alpine com Matthieu Vaxivière na melhor volta e o #23 da United Autosports. Na sequência, ficaram o segundo carro da Prema, a Inter Europol Competition e a Vector Sport, além do #35 da Alpine, que acabaria com a 12ª e última marca - André Negrão completou 88 voltas e fez seu melhor giro em 1'52"457. Seus novos colegas, Oli Caldwell e Memo Rojas Jr. marcaram tempos superiores a 1'53".

Na LMGTE-AM, que neste ano de 2023 será a única competição de Grã-Turismo do WEC, os Porsche 911 RSR-19 deram as cartas: a Project 1-AO liderou com o concurso do velocíssimo Matteo Cairoli marcando 1'59"170 e a grandíssima surpresa foi o 2º lugar das Iron Dames, com Michelle Gätting a 0"031 apenas do melhor tempo.

Ela não foi a única representante feminina que impressionou tanto quanto Doriane Pin, pois Lilou Wadoux levou a #83 da Richard Mille AF Corse ao quarto posto como a melhor Ferrari 488 GTE EVO, ficando atrás de mais um Porsche com Ben Barker e do #60 da Iron Lynx, guiado por Alessio Clemente Picariello.

Daniel Serra mostrou porque é o líder da Kessel Racing no carro #57 - deu 94 voltas, a melhor delas em 1'59"332 e ficou com a oitava marca do Prólogo na divisão que conta com 14 carros inscritos em todo o campeonato. O argentino Nico Varrone estreou bem com a Corvette, sendo o melhor piloto do carro #33, o único inscrito pelo construtor dos EUA para este ano.

Já os três Aston Martin AMR Vantage foram os fecha-raia, com o #25 da ORT by TF melhor que D'Station Racing e NorthWest AMR, respectivamente. Esta última, inclusive, definiu ontem seu último recruta: Axcil Jefferies, piloto de 28 anos e nascido no Zimbábue, venceu um 'vestibulinho' contra o estadunidense Thomas Merrill e levou a vaga. Jefferies teve a seu favor o fato de completar mais giros - 60 a 32 contra um piloto que já conhecia a pista. Como conseguiu ser mais rápido, ficou com o lugar.

Agora o grande desafio desse início de campeonato será o BoP, principalmente para a divisão Hypercar, uma vez que é a primeira corrida para valer com o regulamento de convergência de duas propostas distintas: o conceito IMSA com os LMDh e o do ACO/FIA.

A tabela para os sete construtores com vistas aos quatro primeiros eventos está divulgada - e pode sofrer ajustes. Os modelos não-híbridos - Vanwall e Glickenhaus - começam de uma base mínima de 1030 kg de peso, chegando até a 1062 kg do Toyota, que será o modelo mais pesado na abertura do WEC.

Ferrari terá 1057 kg de peso mínimo na 499P, contra 1049 kg do 9X8 da Peugeot, 1048 kg do Porsche 963 LMDh e 1038 kg do Cadillac V-Series.R em Sebring.

Com relação aos sistemas híbridos, a Peugeot poderá usar o seu a partir de uma velocidade mínima de 150 km/h, contra 190 km/h de Ferrari e Toyota, o que poderá ser para ambas em Sebring uma grande desvantagem, por conta de um miolo de pista mais técnico e lento.

A potência dos carros está igualmente pré-estabelecida, com a Vanwall tendo o carro menos potente do plantel com 511 kW (cerca de 685 HP), contra 513 kW do Cadillac (688 HP), 515 kW da Ferrari (690 HP), 517 kW de Porsche e Toyota (693 HP), 518 kW para os Peugeot (cerca de 694 HP) e 520 kW para o Glickenhaus (697 HP) - que será o carro com maior potência em todos os primeiros quatro eventos do ano. 

Inclusive a tabela pós-Sebring prevê, de início, menos peso mínimo para todos os Hypercar, exceto Vanwall e Glickenhaus - e menos potência, à exceção da Cadillac. Se estes dados vão permanecer de pé em nome do esporte, só saberemos depois da corrida da Flórida. Até lá, os dados ainda vão ser jogados e a expectativa é imensa quanto a este evento inaugural do WEC em 2023.




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