24h de Le Mans 2023 – Ferrari, meio século depois, na pole

RIO DE JANEIRO – Parece roteiro de filme. Meio século atrás, a Ferrari fazia seu canto do cisne nas 24h de Le Mans com a equipe de fábrica. Em 1973, quase venceu com Jacky Ickx e Brian Redman, que tiveram uma luta de titãs contra a Matra de Gérard Larrousse e Henri Pescarolo. O outro carro, que chegou em 2º com José Carlos Pace – na única Le Mans do piloto brasileiro, prematuramente morto em 1977 – e Arturo Merzario, fora o pole position.

Muito bem: 50 anos depois, no retorno da Ferrari ao WEC e a Le Mans na turma ‘de cima’, não só os vermelhos fazem a pole como monopolizam a primeira fila. Mesmo com a 499P lastreada em 24 kg a mais em relação à etapa passada, o carro comprovou outra vez em 2023 seu excelente desempenho em qualificação.

Com a marca de 3’22″982 para os 13,626 km do Circuit de la Sarthe, Antonio Fuoco torna-se o quarto piloto da Itália a largar na pole em Le Mans. Merzario foi o primeiro e nos últimos 30 anos, só houve outros dois: Pierluigi Martini e Rinaldo Capello, este por três vezes. Há 17 anos não havia um italiano conduzindo um carro à posição de honra do grid.

E foi uma senhora volta: Fuoco triturou por 0″773 a melhor volta do companheiro Alessandro Pier Guidi e enfiou o tal um segundo e dois décimos que a Toyota disse que perderia com o novo BoP que deixou os GR010 Hybrid com mais 37 kg de peso mínimo – na verdade, a diferença auferida foi de 1″469 para o carro de Brendon Hartley.

Poderia ter sido pior para os orientais, porque Sébastien Bourdais tinha o 3º tempo com o Cadillac V-Series.R e perdeu o tempo de classificação por provocar uma bandeira vermelha. Um vazamento de combustível provocou incêndio no contato com as partes quentes do motor V8 do Hypercar estadunidense. Bourdais percebeu algo errado em Les Hunaudières e parou na primeira chicane. Com a falha que ‘lambeu’ a traseira do carro, ele, Renger Van der Zande e Scott Dixon largam de oitavo.

Felipe Nasr quase não conseguiu marcar tempo de qualificação, mas levou o Porsche IMSA à 2ª fila do grid, com a perda da última volta de Kamui Kobayashi, por abuso de track limits. O brasileiro, num último esforço, cravou 3’24″531. O melhor Cadillac, com a falha técnica no carro de Bourdais, foi o #2, com a sexta posição na qualificação.

Entre os LMP2, Paul-Loup Chatin se sentiu muito à vontade no carro da IDEC Sport ostentando as cores da centenária Delage. O experiente francês fez a pole com 3’32″923, apenas 0″112 melhor que o brasileiro Pietro Fittipaldi. A boa notícia para o trio do #28 da Jota: o carro de Chatin, Laurents Hörr e Paul Lafargue é do campeonato ELMS e não marca pontos no FIA WEC. Portanto, o ponto extra da pole ficou com Pietro e seus colegas dinamarqueses Oli Rasmussen e David Heinemeier-Hänsson.

Louis Déletraz alcançou a 3ª marca com o #41 do Team WRT, seguido por Reshad de Gérus, da Cool Racing. A Prema ficou em quinto e sétimo, respectivamente com Mirko Bortolotti e Bent Viscaal – como recheio veio a Nielsen Racing, pole da Pro-Am. A Vector Sport fechou o grupo de oito carros da Hyperpole.

Já na LMGTE-AM, onde só os pilotos bronze forçosamente podiam classificar por força de regulamento, deu a lógica: Corvette e Ben Keating à frente, com 3’52″376, superando em mais de um segundo e meio o Aston Martin da ORT by TF do omani Ahmad Al Harthy. A AF Corse veio a seguir com sua alcateia de Ferrari 488 GTE EVO, liderada por Thomas Flöhr e Julien Piguet, com Luis Pérez-Companc em quinto e a Kessel em sexto com Takeshi Kimura. Também numa situação bastante lógica, o Aston da GMB Motorsport com Jens Reno Moller e o outro carro da Kessel, com Yorikatsu Tsujiko, completaram a relação da Hyperpole.

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