A Mil por Hora
Fórmula 1

Há 35 anos, o primeiro pódio de Senna

RIO DE JANEIRO (Saudade do que a gente viveu…) – Seria uma heresia de minha parte mencionar esta ocasião que é especial apenas como mais um post da seção Túnel do Tempo o que se viu há 35 anos, no dia 3 de junho de 1984. Naquela data, num pouco comum GP de Mônaco disputado […]

Toleman-Senna-1983-Monaco-740x357RIO DE JANEIRO (Saudade do que a gente viveu…) – Seria uma heresia de minha parte mencionar esta ocasião que é especial apenas como mais um post da seção Túnel do Tempo o que se viu há 35 anos, no dia 3 de junho de 1984.

Naquela data, num pouco comum GP de Mônaco disputado neste mês, Ayrton Senna apresentava seu cartão de visitas à Fórmula 1. Aquele garoto de 24 anos fez o possível e o impossível numa pista difícil de ultrapassar e, com aquela água que caía naquele domingo.

Era apenas a quinta participação do brasileiro na temporada – a segunda com o modelo TG184 da Toleman, projetado por Rory Byrne. A equipe mostrara uma ascensão no ano anterior que lhe permitiu marcar alguns pontos – foram 10 nas últimas quatro etapas, deixando a escuderia em 9º no Mundial de Construtores de 1983.

Mesmo contando com um motor não muito forte em comparação com fábricas como BMW, Ferrari, Porsche e Honda – o propulsor era um Hart Turbo quatro cilindros em linha, com cabeçote no bloco do motor e potência de cerca de 900 HP em ritmo de classificação, o chassi do TG184 parecia ser dos mais competitivos daquele ano.

Nos treinos, Ayrton fez o 13º tempo. Virou em 1’25″009 – a pole de Alain Prost foi 1’22″661. Mas o aguaceiro no dia da corrida foi o que Senna precisava para uma atuação épica.

Na largada, as Renault de Derek Warwick e Patrick Tambay se autoeliminaram na curva Ste. Devote. Andrea De Cesaris quebrou a suspensão de sua Ligier e Senna passou em 9º na primeira volta, já que Nelson Piquet, que largava também à sua frente, ficou parado no grid e despencou para penúltimo.

A primeira vítima da Toleman #19 foi Jacques Laffite, da Williams. E seguiriam-se outros: Manfred Winkelhock, da ATS e até Keke Rosberg, o campeão de 1982, foi ultrapassado sem a menor cerimônia por aquele rapaz atrevido de capacete amarelo. A manobra de Senna sobre o finlandês é um clássico daquela corrida.

Mas nada supera o passão de Ayrton em Niki Lauda, depois do brasileiro deixar para trás a Ferrari de René Arnoux e Nigel Mansell, que liderava, rodar tresloucadamente no molhado e bater sua Lotus.

O segundo posto já parecia bom demais. Alain Prost liderava com relativa facilidade, mas Senna, instruído pelas placas de sinalização, reduziu de forma drástica a diferença que o separava do piloto da McLaren.

A política falou mais alto: Ron Dennis fez pressão – e não me surpreendo se Jean-Marie Balestre (sempre este homem fatal!) também estivesse atrás dessa história toda. O certo é que Jacky Ickx, que era o diretor de prova em Monte-Carlo na ocasião, acabou mostrando bandeira vermelha junto à quadriculada, na 31ª volta.

Senna deu de ombros. Passou reto enquanto Alain parava. Para ele, a corrida estava ganha. Punho cerrado, comemorou como se fosse realmente a primeira conquista na Fórmula 1.

Na hora do pódio, porém, o brasileiro teve que se contentar em ser o 2º colocado. Os pontos foram ofertados pela metade e, para Alain Prost, teria sido negócio melhor se a corrida terminasse dentro do limite de duas horas – com 31 voltas, o GP de Mônaco tinha 1h01min, faltando ainda 59 minutos de disputa.

Com os 4,5 pontos que marcou na ocasião, Prost perdeu o título em 1984 para Niki Lauda por meio ponto, apenas. O destino foi cruel com o francês.

E Senna, com sua atuação histórica, abriu caminhos para uma bela temporada de estreia, com mais pódios nos GPs da Inglaterra e Portugal, afora outras boas atuações e alguns problemas – inclusive com a própria Toleman.

Como diz o poeta, o resto é história…