24h de Le Mans, Test Day: Ferrari lidera domingo de treinos livres

RIO DE JANEIRO – Começou oficialmente a edição do Centenário das 24 Horas de Le Mans. Após as verificações técnicas e administrativas realizadas em dois dias – sexta e sábado – voltando a agitar a cidade como há muito tempo não acontecia, a 91ª edição deste clássico do automobilismo mundial deu a partida com o Test Day em duas sessões de três horas de pista aberta neste domingo.

E após o BoP que deu lastro extra a quatro dos sete construtores Hypercar para o fim de semana – e espera-se que não haja mudanças – a Ferrari 499P da AF Corse foi o carro mais rápido de ambas as sessões. De manhã, quem fez as honras foi a #50 com Antonio Fuoco na melhor volta. No treino #2, Antonio Giovinazzi colocou a #51 no topo da folha de tempos – 3’29″504, média de 234,1 km/h para os 13,626 km de extensão do Circuit de La Sarthe.

O melhor tempo do carro italiano foi 0″144 melhor que o Porsche 963 LMDh da Penske, tripulado pelo belga Laurens Vanthoor. Refeita do susto de uma batida com o carro #7 em Tertre Rouge durante a primeira sessão, a Toyota reagiu e ficou em terceiro com o sempre veloz Kamui Kobayashi.

Antonio Fuoco ficou com a quarta marca geral do Test Day após ser o mais rápido do FP1, tendo Felipe Nasr na inscrição IMSA da Porsche Penske, conduzido o #75 ao quinto posto. Não obstante, pelo menos nesse treino, sete carros ficaram dentro do mesmo segundo, com o outro Porsche do WEC e um dos Peugeot 9×8 completando o lote.

Claro que empolga, mas há coisas no ar: primeiro, a pista ainda não tem o emborrachamento necessário para se tirar conclusões. Só na quarta os carros voltam à pista para duas sessões livres e no meio delas, um treino classificatório que define os concorrentes que na quinta retornam para a Hyperpole, com duração de meia hora somente.

Segundo: o BoP que deu 37 kg de lastro à Toyota, além de 24 kg para as Ferrari, 11 kg aos Cadillac e três quilos extras aos quatro Porsches inscritos, ainda é inconclusivo. É muito normal o chamado ‘sandbagging’: ano passado o melhor tempo do Test Day ficou em 3’29″896 e a pole position na Hyperpole, com pouco peso de combustível e pneus zero-bala, foi 3’24″408. Vai mudar muita coisa – e inclusive acredito que a pole position nesse ano será mais rápida que em 2022. Dentro da proposta do ACO/FIA de não deixar que a classe principal baixe de 3’20”.

Na LMP2, o dia terminou com a Jota na ponta em ótima volta do brasileiro Pietro Fittipaldi, que estabeleceu 3’35″472 – mais lento que ano passado, quando os carros dessa subdivisão não tinham 70 HP menos como agora, forçosamente para não superar a divisão principal. Ano passado, a United Autosports fez 3’32″099 no Test Day e 3’28″394 em qualificação – não será impossível que esses carros, igualmente com pouca carga de combustível virem perto disso. Mas desconfio que a pole de 2023 não supera a marca do ano passado.

O Team WRT ficou em 2º entre os 24 inscritos da LMP2 com o carro tripulado por Ferdinand Von Habsburg a 0″771 de Pietro, cabendo a terceira marca geral do dia à Cool Racing e um de seus dois carros, o #47 guiado por Reshad de Gérus, que foi o piloto mais veloz do FP1 – 3’36″409, sendo um dos sete entre 62 carros que não melhoraram suas voltas do primeiro treino em relação ao segundo.

A Alpine Elf Team deu mostras de reação: os dois carros do time de Boulogne-Billancourt ficaram em quarto e quinto, com André Negrão estabelecendo 3’36″644 e a quarta marca do treino, seguido pelo companheiro de equipe Matthieu Vaxivière. A United Autosports fechou os seis melhores com o #23 guiado por Tom Blomqvist.

Entre as inscrições Pro-Am, que não contam pontos para o FIA WEC, o melhor carro entre os participantes foi o #923 do Racing Team Turkey. Dries Vanthoor marcou 3’37″151, seguido pelo #80 da AF Corse com Ben Barnicoat – 3’37″385 e Ricky Taylor no #13 da Tower Motorsports – 3’37″414.

A Ferrari fez 1-2-3 na LMGTE-AM com a JMW Motorsport repetindo a AF Corse para ser dominante nas duas sessões livres do Test Day. Mais cedo, com Giacomo Petrobelli e à tarde com o local Thomas Neubauer, que cravou 3’56″088, menos de um centésimo abaixo da #54 da AF Corse, conduzida por Francesco Castellaci em sua melhor volta do teste.

Daniel Serra foi de Bandol a Le Mans após disputar a 2ª etapa do GT World Challenge Europe Endurance em Paul Ricard, viajando de manhã cedo para sentar no #57 da Kessel e fazer a terceira melhor volta da divisão – 3’56″281.

Do quarto ao sexto posto, vieram três Porsches em sequência, com a GR Racing e Riccardo Pera em quarto no #86 – 3’56″286, seguido do #88 da Proton Competition com Harry Tincknell em 3’56″584 e o #77 da Dempsey-Proton em 3’56″631 tendo a bordo o dinamarquês Mikkel O. Pedersen.

O melhor entre os cinco Aston Martin presentes foi o #777 da D’Station Racing, com Casper Stevenson, enquanto o único Corvette dos líderes do Mundial na categoria ficou apenas em 15º – 3’57″768. O carro mais lento foi o #55 da novata GMB Motorsport, que estabeleceu 3’59″286, não melhorando o tempo no FP2.

Impressionante mesmo foi a participação do Garage 56: o Camaro ZL1 da Nascar, que celebra 75 anos de fundação e que marca o retorno de um carro da categoria ianque após quarenta e sete anos, teve um desempenho formidável, com o alemão Mike Rockenfeller fazendo o incrível tempo de 3’53″761 a bordo da máquina com 700 cavalos de potência e mais de 1.300 kg de peso mínimo – muito mais pesado que qualquer Grã-Turismo, porém com pelo menos 200 cavalos a mais.

Só que o Garage 56 correrá com restrições, inclusive tendo de largar da última posição do grid, independentemente do tempo auferido na sessão classificatória de quarta. Ademais, mesmo com tanta potência e tantos testes, o carro #24 que terá ainda Jenson Button e Jimmie Johnson correrá limitado por uma autonomia ainda desconhecida e pelos pneus Goodyear. Mas não há como dizer que o desempenho do carro no Test Day não foi espantoso. Foi sim, para não dizer surpreendente.

As atividades de pista das 24h de Le Mans, sem contar as categorias paralelas, voltam na quarta-feira. Às 14h locais, 9h de Brasília, começa a primeira sessão de treinos livres com duração de três horas. Depois, às 19h locais, 14h de Brasília, haverá o treino classificatório com duração de 60 minutos que define os concorrentes da Hyperpole.

Às 22h locais, 17h de Brasília, a pista volta a ser aberta para 2h de treinos livres. Na quinta-feira, 15h na França, 10h de Brasília, teremos o terceiro treino livre com mais 3h de pista aberta. A Hyperpole começa às 20h locais, 15h de Brasília, com apenas meia hora de duração. O quarto e último treino livre terá apenas 1h de duração e começa 22h locais, 17h de Brasília.

A largada das 24h de Le Mans será no sábado (10) às 16h locais, 11h de Brasília.

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